Pintura e poesia são música em estado de raspa raspa
Cachaça,vinho ou whisky, filosofia em estado líquido
Ele é vicio e amor em estado gasoso
sólido em mim.
Carla Alencar
quinta-feira, maio 22, 2008
terça-feira, maio 13, 2008
... de noite
No cine-silêncio do meu quarto, ouvia canções que não eram minhas.
Pra fugir da saudade, pra fazer de conta, uma conta que não tinha fim.
Fim do dia, noite sempre trazia vontade de chão,
vontade de mão secando água dos olhos,
águas do corpo depois do banho.
Banho solitário, eu nunca me encontrava nele.
Tava sempre do outro lado, fazendo aqui pensando alí.
Pensando alí, penando aqui.
Cine-silêncio,
silêncio!
preciso me concentrar.
No mais, não mais.
Cine-barulho no peito eu quero é mais!
Carla Alencar
domingo, abril 20, 2008
Ausência
Graças
Dia de sol, Rio de Janeiro
Passo na favela e já sinto o cheiro
Do traficante esperando a playboyzada
Que vai buscar no morro de coca a raxa
O bagulho é do bom
O menino é do bem
Só não imagina o que pra ele vem
Chega em casa meio tenso
Com embrulho na mão
A mãe já fica perturbada
Cheia de aflição
Entra no quarto, porta fechada
Pode bater quem for
Não abro nem para o papa
Pesos e medidas
Balança e quilograma
Tudo escondido por baixo da sua cama
Chega nas festinhas
Cheio de moral
Bermuda da cyclone
Uísque Jonny pra geral
Faz logo a cabeça da rapaziada
É doce, maconha, raxixe e bala
Dinheiro no bolso
Cartela na carteira
E a PF já ligada na próxima rasteira
Mas o moleque é esperto
E não deixa vacilar
Comanda bem o game
Pra depois desopilar
É rodízio, grife, uísque do bom
E um carro zero tirando onda pelo Leblon
A vida até parece boa
Mas a paz vai acabando
Telefone na mão
Gurizada ligando
Zé Henrique, Giovana, Mateus, Juliano
-Tem uma cinquentinha meu parceiro?
-Espera que tô chegando
Ruim é na hora da cobrança
Fim do prazo, fim do mês
Do dinheiro, nem lembrança
Os malucos ficam logo envenenados
Ameaçam o garoto
O guri ta pirado
Ele já não sabe o que fazer
Tem que vender, tem que pagar
Tem que parar de dever
-Deitado na cama, com o filho na cabeça
Era o sonho da mulher, da sua princesa
Com o tempo, afastou tudo o que amava
Nem mulher, nem princesa, nem filho
Nem nada-
Sua mãe já não sabe como chorar
Já gritou, já pediu e só faz rezar
Telefone toca
-ô, desce ai que é importante
Nove fitas na mão, polícia no volante
-É crime federal
-É crime, marginal!
Entra no carro,
Não vale mais perdão
Pelo menos cinco anos
Trancafiado na prisão
É crime federal
É crime, marginal!
Cadeia animal
Passo na favela e já sinto o cheiro
Do traficante esperando a playboyzada
Que vai buscar no morro de coca a raxa
O bagulho é do bom
O menino é do bem
Só não imagina o que pra ele vem
Chega em casa meio tenso
Com embrulho na mão
A mãe já fica perturbada
Cheia de aflição
Entra no quarto, porta fechada
Pode bater quem for
Não abro nem para o papa
Pesos e medidas
Balança e quilograma
Tudo escondido por baixo da sua cama
Chega nas festinhas
Cheio de moral
Bermuda da cyclone
Uísque Jonny pra geral
Faz logo a cabeça da rapaziada
É doce, maconha, raxixe e bala
Dinheiro no bolso
Cartela na carteira
E a PF já ligada na próxima rasteira
Mas o moleque é esperto
E não deixa vacilar
Comanda bem o game
Pra depois desopilar
É rodízio, grife, uísque do bom
E um carro zero tirando onda pelo Leblon
A vida até parece boa
Mas a paz vai acabando
Telefone na mão
Gurizada ligando
Zé Henrique, Giovana, Mateus, Juliano
-Tem uma cinquentinha meu parceiro?
-Espera que tô chegando
Ruim é na hora da cobrança
Fim do prazo, fim do mês
Do dinheiro, nem lembrança
Os malucos ficam logo envenenados
Ameaçam o garoto
O guri ta pirado
Ele já não sabe o que fazer
Tem que vender, tem que pagar
Tem que parar de dever
-Deitado na cama, com o filho na cabeça
Era o sonho da mulher, da sua princesa
Com o tempo, afastou tudo o que amava
Nem mulher, nem princesa, nem filho
Nem nada-
Sua mãe já não sabe como chorar
Já gritou, já pediu e só faz rezar
Telefone toca
-ô, desce ai que é importante
Nove fitas na mão, polícia no volante
-É crime federal
-É crime, marginal!
Entra no carro,
Não vale mais perdão
Pelo menos cinco anos
Trancafiado na prisão
É crime federal
É crime, marginal!
Cadeia animal
quarta-feira, abril 09, 2008
Filtro
Filtro do teu pensamento
E o que sai a tua água
Filtro do teu café
Teu cigarro,pigarro, amargo, amado
A mando, desmando
Teu filtro eu amo
Não filtro é nada
Teu filtro me rasga a carne podre, enfim, adentro
Infiltra o outro lado até causa ferimento
Mãos em carência
Peito libertino
Corpo árido
Amo no filtro
Do meu filtro baleado
*Poesia antiga, sem data, porém, antiga.
E o que sai a tua água
Filtro do teu café
Teu cigarro,pigarro, amargo, amado
A mando, desmando
Teu filtro eu amo
Não filtro é nada
Teu filtro me rasga a carne podre, enfim, adentro
Infiltra o outro lado até causa ferimento
Mãos em carência
Peito libertino
Corpo árido
Amo no filtro
Do meu filtro baleado
*Poesia antiga, sem data, porém, antiga.
terça-feira, abril 01, 2008
No lençol
Uma cerveja por vez, uma dose ou três.
Ela precisava disso, precisava ficar mais amarga de bebida do que de amor,
da falta de amor, do pouco amor, do seu amor muito, do amor em falta, do amor outro.
Mas não tinha dose, cerveja... Nem nada.
O que restou da noite foram umas páginas de livro,
Coletânea de lágrimas,
O amor
e suas estórias mal contadas.
Ela precisava disso, precisava ficar mais amarga de bebida do que de amor,
da falta de amor, do pouco amor, do seu amor muito, do amor em falta, do amor outro.
Mas não tinha dose, cerveja... Nem nada.
O que restou da noite foram umas páginas de livro,
Coletânea de lágrimas,
O amor
e suas estórias mal contadas.
sábado, março 29, 2008
Agora não!
As vezes você quer por que quer que uma pessoa prove alguma coisa. Seja um doce, um chocolate novo, um folhado... Mas a outra pessoa responde que não quer:
-Agora não, depois eu provo, tô enjoado.
-Agora não, depois eu provo, tô cheio.
-Agora não.. bla bla , escovei os dentes.
bla bla bla
Mas você continua a insistir.
Não sei se é mais chato pra quem insiste ou pra quem persiste na negação.
Acho que é pra quem persiste em dizer não. Por que quem insiste tá disposto a isso... Mas quem não quer não tá com saco pra dizer que não mais de duas vezes,né?
Tá, era só isso.
É que comprei um folhado de doce de leite delicioso e pedi mais de três vezes pro meu irmão experimentar e ele respondeu que tava enjoado e comia depois. Tá! Agora também eu comi foi todo!
Carla Alencar
-Agora não, depois eu provo, tô enjoado.
-Agora não, depois eu provo, tô cheio.
-Agora não.. bla bla , escovei os dentes.
bla bla bla
Mas você continua a insistir.
Não sei se é mais chato pra quem insiste ou pra quem persiste na negação.
Acho que é pra quem persiste em dizer não. Por que quem insiste tá disposto a isso... Mas quem não quer não tá com saco pra dizer que não mais de duas vezes,né?
Tá, era só isso.
É que comprei um folhado de doce de leite delicioso e pedi mais de três vezes pro meu irmão experimentar e ele respondeu que tava enjoado e comia depois. Tá! Agora também eu comi foi todo!
Carla Alencar
sexta-feira, março 07, 2008
Diamantina
Diamantina é uma cidadezinha cheia de vergonha
Ao cair da noite as Igrejas esticam o pescoço para ver o horizonte mais longe
Se namorico se assanha em plena praça, as gargantas de sino logo gritam ah!
Quando o coração bate pelo amor de longe, passarinho no céu, é tudo triste
Tudo quieto, uma preguiça vadia e mão sem pele para pousar palavra de pão
De repente a passarada voa azul assustada com o gritar do trem tão grande!
É que a cidade acontece nas entrelinhas. E o céu de estrelinhas dorme cedo
Repouso de canseiras, anda pensando na morte da bezerra!
Ao cair da noite as Igrejas esticam o pescoço para ver o horizonte mais longe
Se namorico se assanha em plena praça, as gargantas de sino logo gritam ah!
Quando o coração bate pelo amor de longe, passarinho no céu, é tudo triste
Tudo quieto, uma preguiça vadia e mão sem pele para pousar palavra de pão
De repente a passarada voa azul assustada com o gritar do trem tão grande!
É que a cidade acontece nas entrelinhas. E o céu de estrelinhas dorme cedo
Repouso de canseiras, anda pensando na morte da bezerra!
domingo, fevereiro 24, 2008
O que é mais inteligente: O livro ou a sabedoria?
“Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras e as palavras de gentileza.
Por isso eu pergunto à você no mundo
Se é mais inteligente o livro ou a sabedoria?”
Hoje no Brasil, 9 milhões de jovens entre 18 e 29 anos não tem a escolaridade básica. Mais de 800 mil são “analfabetos” e mais de 8 milhões desistiram da escola antes de completar o primeiro ciclo. Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pausa de mil compassos: Essa frase certamente passou normal para quem leu. Engraçado e um tanto patético como passamos a pensar em educação como forma instrumental, um meio de chegar aos requisitos que o mercado de trabalho impõe para que se consiga um bom emprego (nesse conceito de educação está incluso, claro, saber falar as palavras direito.)
Ah, educação também é percebida no ato de dizer obrigado e com licença. Bacana mesmo é como se aprende a grafia certinha de cada palavra e nem sempre se usa dessa educação. E é ai, exatamente ai, que esse conceito cai.
Analfabeto é uma palavra forte e pejorativa demais para pessoas que apenas não passaram pela grafia. Essas pessoas são, então, ágrafas. E não analfabetas. Pessoas que não sabem por onde percorrem os rodeios complexos do mundo da grafia, mas sabem exatamente onde isso vai chegar. Elas vão direto ao ponto. Enquanto rebolamos de mil formas pra resolver um problema, as pessoas ágrafas já têm em mente a resolução simples e óbvia do que quer que seja.
Você, garotinho ou garotinha esperta que abre a boca com orgulho pra dizer que escreve que é uma beleza, que sabe-tudo e, meu Deus, se acha mais inteligente do que alguém que não sabe ler e escrever, duvido que tenha a memória tão boa quanto à dessas pessoas e também os mil ensinamentos que livro nenhum, jamais, vai conseguiria ensinar.
Partindo para um conceito mais perverso e singular: Linguagem, o que faz a linguagem funcionar? Linguagem precisa compartilhar, tornar comum pra funcionar. Existe a linguagem verbal que ainda se subdivide em outras duas: Oral (baseada principalmente na memória) e escrita. E a linguagem não verbal, que funciona através de imagens, gestos, símbolos, índices, texturas, sons, expressões corporais, emoções.
Essa é a parte perversa do texto. Dentro da linguagem e seus conceitos, a escrita ficou singular, ficou como fonte apenas pra compreender o que alguém que não escreve e ler, compreende como ninguém. A sensibilidade de um bom escritor, em colocar no papel sinestesias e sentimentos que um ágrafo, por exemplo, entende como ninguém.
Que comum, um escritor escrevendo pra pessoas que lêem sobre coisas de sentir, refleir.
Que óbvio, um ágrafo ensinando sem escrever absolutamente nada, dia a dia, o valor dessas pequenas coisas.
Que ironia: Qual deles é o percebido da história e como é percebido?
Merecemos ler as letras e as palavras de gentileza.
Por isso eu pergunto à você no mundo
Se é mais inteligente o livro ou a sabedoria?”
Hoje no Brasil, 9 milhões de jovens entre 18 e 29 anos não tem a escolaridade básica. Mais de 800 mil são “analfabetos” e mais de 8 milhões desistiram da escola antes de completar o primeiro ciclo. Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pausa de mil compassos: Essa frase certamente passou normal para quem leu. Engraçado e um tanto patético como passamos a pensar em educação como forma instrumental, um meio de chegar aos requisitos que o mercado de trabalho impõe para que se consiga um bom emprego (nesse conceito de educação está incluso, claro, saber falar as palavras direito.)
Ah, educação também é percebida no ato de dizer obrigado e com licença. Bacana mesmo é como se aprende a grafia certinha de cada palavra e nem sempre se usa dessa educação. E é ai, exatamente ai, que esse conceito cai.
Analfabeto é uma palavra forte e pejorativa demais para pessoas que apenas não passaram pela grafia. Essas pessoas são, então, ágrafas. E não analfabetas. Pessoas que não sabem por onde percorrem os rodeios complexos do mundo da grafia, mas sabem exatamente onde isso vai chegar. Elas vão direto ao ponto. Enquanto rebolamos de mil formas pra resolver um problema, as pessoas ágrafas já têm em mente a resolução simples e óbvia do que quer que seja.
Você, garotinho ou garotinha esperta que abre a boca com orgulho pra dizer que escreve que é uma beleza, que sabe-tudo e, meu Deus, se acha mais inteligente do que alguém que não sabe ler e escrever, duvido que tenha a memória tão boa quanto à dessas pessoas e também os mil ensinamentos que livro nenhum, jamais, vai conseguiria ensinar.
Partindo para um conceito mais perverso e singular: Linguagem, o que faz a linguagem funcionar? Linguagem precisa compartilhar, tornar comum pra funcionar. Existe a linguagem verbal que ainda se subdivide em outras duas: Oral (baseada principalmente na memória) e escrita. E a linguagem não verbal, que funciona através de imagens, gestos, símbolos, índices, texturas, sons, expressões corporais, emoções.
Essa é a parte perversa do texto. Dentro da linguagem e seus conceitos, a escrita ficou singular, ficou como fonte apenas pra compreender o que alguém que não escreve e ler, compreende como ninguém. A sensibilidade de um bom escritor, em colocar no papel sinestesias e sentimentos que um ágrafo, por exemplo, entende como ninguém.
Que comum, um escritor escrevendo pra pessoas que lêem sobre coisas de sentir, refleir.
Que óbvio, um ágrafo ensinando sem escrever absolutamente nada, dia a dia, o valor dessas pequenas coisas.
Que ironia: Qual deles é o percebido da história e como é percebido?
segunda-feira, outubro 22, 2007
Desmemoriando
Ser orfão de gente viva é paranóia delirante ou fato cortante?
Ninguém se perde, cada um se esconde, é diferente.
Os tempos mudam , o sol vem e vai.
E essa pergunta não pára de fazer voz em uma cabeça baleada,
em um coração desmemoriado, por necessidade.
Ninguém se perde, cada um se esconde, é diferente.
Os tempos mudam , o sol vem e vai.
E essa pergunta não pára de fazer voz em uma cabeça baleada,
em um coração desmemoriado, por necessidade.
quinta-feira, outubro 18, 2007
Aperto
Quando o coração dá um aperto,
Parece que aperta a garganta toda e a respiração trava.
Fica tudo fundo, até as lagrimas ficam internas, inteiras.
Parece que aperta a garganta toda e a respiração trava.
Fica tudo fundo, até as lagrimas ficam internas, inteiras.
terça-feira, setembro 18, 2007
Dentro del silenzio
Saudade daquela rua. Da noite.
Dos risos na calçada daquela rua.
Da rua. Da noite...
Da voz na calçada daquela rua.
Da rua. Da fumaça. Da bruma. Da noite.
Dos silêncios na calçada daquela rua.
Daquela rua...
Rua aquela, calçada nos silêncios da noite.
Da bruma. Da fumaça da rua.
Rua aquela, calçada nas vozes da noite.
Da rua, daquela rua!
Calçada nos risos da noite...
... Saudade.
Texto em parceria com Luis Eduardo Guerra e a saudade que grita baixinho.
Dos risos na calçada daquela rua.
Da rua. Da noite...
Da voz na calçada daquela rua.
Da rua. Da fumaça. Da bruma. Da noite.
Dos silêncios na calçada daquela rua.
Daquela rua...
Rua aquela, calçada nos silêncios da noite.
Da bruma. Da fumaça da rua.
Rua aquela, calçada nas vozes da noite.
Da rua, daquela rua!
Calçada nos risos da noite...
... Saudade.
Texto em parceria com Luis Eduardo Guerra e a saudade que grita baixinho.
terça-feira, setembro 04, 2007
Eleva(dor)
Entra e sai, entra e sai
Sobe, desce
Aperta, aperto
Risos, gritos,
Cheiros
Entra e sai, entra e sai
e sai e entra
Aperta , aperto
Risos, gritos
Cheiros
Esse é a vista do homem do elevador.
Sobe, desce
Aperta, aperto
Risos, gritos,
Cheiros
Entra e sai, entra e sai
e sai e entra
Aperta , aperto
Risos, gritos
Cheiros
Esse é a vista do homem do elevador.
quarta-feira, agosto 29, 2007
Por um fio
A mensagem cifrada, sobressalto
Armadilha invisível do apego
Ameaça do meu desassossego
O silêncio da esfinge fala alto
Cometer e ser vítima de assalto
Perder a condição de estar sadio
Passear nos jardins do desvairio
Cair no precipício do teu jogo
O desejo de usar de arma de fogo
O desfecho da estrofe num desvio
Armadilha invisível do apego
Ameaça do meu desassossego
O silêncio da esfinge fala alto
Cometer e ser vítima de assalto
Perder a condição de estar sadio
Passear nos jardins do desvairio
Cair no precipício do teu jogo
O desejo de usar de arma de fogo
O desfecho da estrofe num desvio
terça-feira, agosto 28, 2007
Semente
A semente tão prenhe, carregada
Do jardim do meu peito ocupa o centro
Semeada lá dentro do de dentro
Dentro do lá de dentro semeada
É palavra escondida, bem guardada
É palavra guardada, escondida
Feito a noite escura duma vida
Esperando chegar a sua aurora:
Germinar pé de amor, pé de amora
Dessa coisa tão doida e tão doída.
Do jardim do meu peito ocupa o centro
Semeada lá dentro do de dentro
Dentro do lá de dentro semeada
É palavra escondida, bem guardada
É palavra guardada, escondida
Feito a noite escura duma vida
Esperando chegar a sua aurora:
Germinar pé de amor, pé de amora
Dessa coisa tão doida e tão doída.
domingo, agosto 12, 2007
Recifilis
Jogada na lama negra em forma de redenção
Não tinha sol não tinha luz
A chuva lavava a alma rasgada
Enquanto ela esmagava os seios fartos de leite grávido na boca
Na própria boca farta de fome, fome de gente, de homem
Não sabia mais onde escorrer tanto dissabor
Vergonha já não sentia
Não sentia mais nada
A dor entrando pelos poros não pedia licença,
involuntária
Tudo
Doía todas as peles
Todos os pêlos em todas as partes
Partes partidas de uma mulher em estado de perigo
Não resistiu, enfim, um filho.
Não tinha sol não tinha luz
A chuva lavava a alma rasgada
Enquanto ela esmagava os seios fartos de leite grávido na boca
Na própria boca farta de fome, fome de gente, de homem
Não sabia mais onde escorrer tanto dissabor
Vergonha já não sentia
Não sentia mais nada
A dor entrando pelos poros não pedia licença,
involuntária
Tudo
Doía todas as peles
Todos os pêlos em todas as partes
Partes partidas de uma mulher em estado de perigo
Não resistiu, enfim, um filho.
sexta-feira, agosto 03, 2007
tempo.
-Todo mundo correndo, vitor trabalhando muito.. todo mundo,né... nao pode perder tempo mesmo, agora na minha situaçao é que vjo isso.. a hora de perder tempo é essa, que nao se tem mais como ganhar dele.
-é... deve ser,vó
-Pode ir, carlinha. Sei que voce tem muita coisa pra se fazer e que nao pode perder esse tempo que a gente ta falando
-Mas as vezes perder tempo é bom, vó. É importante.
-é... deve ser,vó
-Pode ir, carlinha. Sei que voce tem muita coisa pra se fazer e que nao pode perder esse tempo que a gente ta falando
-Mas as vezes perder tempo é bom, vó. É importante.
quinta-feira, agosto 02, 2007
Irmãos
Eram irmãos. sabe-se lá o por que, mas eram. Nasceram assim e pronto. Mas não passavam os momentos juntos, não passavam os choros e gargalhadas perto, no mesmo riso, na mesma sintonia, alias, acho que a única coisa que passavam, era o arroz ou a carne para o outro em um almoço de domingo. Por uma fina obrigação rotineira.
Com saudades do meu irmão, fui me imaginar pendurada no pescocinho magro dele em Aldeia ou vendo algum filme deitados.
Pra tentar matar minha saudade, inventei de imaginar um amigo meu (que conheço pouco por dentro) com a irmã dele (que eu nunca nem vi, mas sei que tem) e deu nisso.
Não consegui matar a saudade do meu!
Com saudades do meu irmão, fui me imaginar pendurada no pescocinho magro dele em Aldeia ou vendo algum filme deitados.
Pra tentar matar minha saudade, inventei de imaginar um amigo meu (que conheço pouco por dentro) com a irmã dele (que eu nunca nem vi, mas sei que tem) e deu nisso.
Não consegui matar a saudade do meu!
terça-feira, maio 29, 2007
A esquizofrenia se veste de parede branca
A questão não era o que ele sabia e o que ela sabia daquilo tudo. Eles já sabiam que sabiam.
A questão era exatamente o “entre isso”. O espaço que parece vago pra quem vê, mas não é.
Eles até negavam... Mas era como se ouvissem gritos satisfatórios em pleno quarto escuro e silencioso, enxergando tudo com as mãos frias e úmidas.
Um estranhamento sentado no chão de uma sala com teto e piso branco.
Nu, completamente nu e uma iluminação clara sufocante, embaçando a retina.
Desejando água nos pés e letras nos olhos.
Letra embaralhando tudo, embaçando e esfregando as mãos nas pálpebras.
Hálito de fome.
Sem perceber, passou dias assim. Todos os dias suficientes para ser chamado de “entre isso” ou de entre eles.
Micropercepções tinham até demais.
O remédio que faltava para curar desse estranhamento excitante, era apenas um pouco de tédio.
Não conseguiram e foram dormir.
A questão era exatamente o “entre isso”. O espaço que parece vago pra quem vê, mas não é.
Eles até negavam... Mas era como se ouvissem gritos satisfatórios em pleno quarto escuro e silencioso, enxergando tudo com as mãos frias e úmidas.
Um estranhamento sentado no chão de uma sala com teto e piso branco.
Nu, completamente nu e uma iluminação clara sufocante, embaçando a retina.
Desejando água nos pés e letras nos olhos.
Letra embaralhando tudo, embaçando e esfregando as mãos nas pálpebras.
Hálito de fome.
Sem perceber, passou dias assim. Todos os dias suficientes para ser chamado de “entre isso” ou de entre eles.
Micropercepções tinham até demais.
O remédio que faltava para curar desse estranhamento excitante, era apenas um pouco de tédio.
Não conseguiram e foram dormir.
terça-feira, maio 22, 2007
lá
Um sorriso desenlaçado e o alívio molhado em lilás de uma alma abraçada...
Fora do meu corpo, do mundo de relógios e alfinetes.
Moro longe do meu cabelo e pele. Longe daqui, longe da seta, da reta.
É lá que consigo sentir o ar e respirar limpo, transparente.
... Quando me levo para mim.
E, para minha alegria, estou grávida de borboletas
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