quarta-feira, janeiro 20, 2016

O amor é um criador de apelidos

- Depois de amanhã a gente vai se abraçar!!!
- Eba!!! Meus ossinhos morenos! Meu sirizinho na lata! Minha Tereza da praia!

<3

terça-feira, janeiro 19, 2016

Quinta - ou o dia depois de amanhã

Arrisco dizer que depois de amanhã é o dia que mais esperei que chegasse durante quase três anos. 

Não, a razão para isso não é minha chegada em Recife. Sem querer desmerecer o reencontro com a "menina dos olhos do mar", não é por isso. É que duas vezes por ano em média estou por lá matando a saudade dos meus, dos gostos, cheiros, cores, de tudo. 

Dessa vez é diferente, a razão é outra. Faz quase 3 anos que não vejo uma pessoa muito querida e, finalmente, nos abraçaremos em nossa terra natal. Quem diria. Dois recifenses em Barcelona, 20 dias. Três anos depois: dois recifenses em Recife. Imaginamos e falamos tanto sobre esse momento e agora, tão perto, não consigo imaginar e nem sentir nada, nem mesmo euforia ou embrulho no peito. Faz tanto tempo que o tempo fica perdido no ar. A voz fica esquecida. O rosto fica turvo. Sem querer desmerecer esse encontro esperado durante 3 anos, agora sinto-me mais ansiosa pra comer caranguejo e sururu, por exemplo.

Os amigos tentam arrancar de mim um choro, um riso, uma emoção maior, igualzinho como sempre foi quando o assunto era você. E falam que vou chorar quando te encontrar pra ver se eu choro enquanto me falam isso. Ora, óbvio que devo chorar quando te encontrar! (Ou não, vai saber). Apenas não me sinto em rebuliço como previsto por todos. Claro, fácil falar isso agora, ainda distante de tudo. E ao mesmo tempo tão perto de estar próxima. Vai ver entrei em um estado de inércia forçado em relação a isso pra não entrar em erupção. Será?

Hoje trocamos telefone. Você com código 81 e eu, 21. Foi uma sensação engraçada salvar seu número, dessa vez tão curto, e escrever seu nome no meu celular: real demais. Nunca tivemos isso. A gente já deixava amarradinho local e horário de encontro. E se eu atrasasse pra chegar no Macba ou no Pis Joanic, distraída pela cidade como sempre, você já achava que eu tinha encontrado um catalão pelo caminho. E me recebia choramingando: "demorasse muito, po! tava com saudade já, faz mais isso não!" E dava uma risada com rosto todo vermelho. E eu invariavelmente voltava a fazer, fascinada pelos becos de Barça, me perdendo e me achando em cada nova esquina. E você voltava a me desculpar, porque  sabias que era bom demais me ter livre ali, voltando pra você por uma única razão: vontade. E então você vinha com esses braços enormes em minha direção prontos pra me fisgar. E era tão contagiante que a vontade que dava era de saltar pela janela e sair voando! 

Depois nos transformamos em postais. Em e-mails. Em fotografias no flickr. Facebook. Readaptamos nossa energia explosiva para letras. Foi bem duro. No início, skype vez por outra: na hora era mágico, depois era trágico meu estado de calamidade emocional. Cortei. Sem voz e rosto, nos sustentamos através de letras durante esse tempo todo.

Hoje escrevo esse texto pra deixar registrado o que sinto agora e tenho a intenção de me achar sensata demais daqui um tempo quando reler. Ou achar uma grande graça de mim, em ver que tudo virou de cabeça pra baixo novamente em um piscar de olhos - ou de dias -  e meu blog voltar a ser, praticamente, uma grande carta aberta e sem fim para você. 

Pode ser. Só que agora, teimosa que só uma ariana, digo duvido. Meus amigos diriam: vamos ver?

Epílogo

Eu podia seguir com você nesse jeito meio destrambelhado e funcional que criamos de compartilhar afeto. Um mais sincero que o outro. Parceiros no crime. O cuidado com o passo, uma explicação sobre algo que aconteça e que ultrapasse nosso controle, uma mensagem sempre com resposta. O encontro marcado. O namorico no banco de trás do taxi. A noite quente de corpos quentes e de mil lençóis no chão. A noite fria de mil lençóis no corpo e camisa e nó(s) nenhum que desse jeito pra aquecer. A chuva na janela. A música na cama e você por trás do violão: Assim falou Santo Tomaz de Aquino. A moldura sem pintura no teto da sala. A aquarela de presente de natal do eu-frevo por enquanto bem guardada (e com data!) criando coragem pra ser parede. "A magia do dia a dia, que é a mais bonita". As ladeiras de Santa, os sapatos dentro da caixa, o móbile celestial pendurado no teu porta-chave. Os mesmos livrinhos que você me mostra todas as vezes perguntando se já me mostrou antes. As músicas e suas histórias. As histórias. 

Pensei que talvez eu devesse ficar pelo cuscuz com ovo e queijo de coalho que você adorou ou por Cosmos que paramos no primeiro episódio. Ou pela sua tapioca que é uma mistureba maluca e que no fim dá certo e é bom pra burro. 

Acontece que o mundo é tão imensamente grande que lembrei que coração é feito pra voar. Pra inflar. E não pra ficar numa esfera tão limitada da saudade por algo que não foi e ninguém sabe se será. Uma hora essa conta iria bater na minha porta e o pagamento seria altíssimo. Contas que se pagam com o coração. 

Mirei, então, os três maguinhos que a gente mesmo criou. 

"Cansei de vocês". 

Pulei a janela e fui.

domingo, janeiro 17, 2016

Conta gota

Ontem me dei conta de que o filtro conta gotas de sua casa tentando encher a garrafa é a analogia perfeita do afeto, amor ou qualquer coisa que o valha tentando encher seu coração. 

sexta-feira, janeiro 15, 2016

Que seja doce?

Lembro-me de quando era adolescente e carregava uma frase de Caio Fernando Abreu quase que como um mantra. Eu e metade de minha turma: "que seja doce." A gente achava aquilo uma delícia, poético, profético, profundo. Hoje, depois de mais de dez anos, reli essa frase, que fica dentro de um texto que eu também adorava, que reside dentro do livro de crônicas que eu deixava reservado em cima de minha mesa de cabeceira, o Morangos Mofados, e hoje ela não me disse nada. Ou tão pouco. 

Que seja doce? Me perguntei achando tão bobo e superficial. Quase leviano, como se só de doce fizesse a vida. Como se só o doce salvasse, só o doce fosse bonito a ponto da gente desejar ele como um mantra. Hoje é tudo tão diferente, minha língua se atrai pelos salgados, azedos e até amargos. Pelo doce também, apenas não o semeio mais que os demais sabores. É o conjunto de sentires que faz a gente ser o que é, a querer o que queremos, a saber receber o que nos é dado. Não vou desejar o doce se sei que receberei também salgado. 

Que seja real, isso sim!

E fechei o livro deixando guardado ali pedaço de minha vida - que se foi.

quinta-feira, janeiro 14, 2016

Yin Yang

Enquanto um é todo rua
Do sofá o outro vê a chuva
Sinto-me completa
Completamente vazia
Completa(mente) lua

terça-feira, janeiro 05, 2016

Foi dada a largada

Senti que o mar do primeiro mergulho do ano foi um teaser do que será 2016: violento, movimentado, intenso e dando uns bons caixotes por trás enquanto eu driblo tudo pegando um jacaré rumo ao mate e a estampa colorida da canga que reluz embaixo do sol. Merecido sol.

segunda-feira, janeiro 04, 2016

Valencianas

O encontro do erudito com o popular é um troço que vai lá no âmago do meu peito e causa uma inquietude e vontade de desvendar o que, pra mim, não se desvenda, por mais detalhadas que sejam as explicações sobre regras, técnicas, métricas, velocidade, ritmo ou rimas: é feito pra sentir. É música, é alma. 

Valencianas, disco de Alceu em parceria com a Orquestra Ouro Preto, é o exemplo disso. Um belo recorte de seu trabalho adaptado pra um concerto. Sim, Alceu Valença e música clássica, quem diria? Tudo junto e misturado sem deixar de lado a responsabilidade em não perder a essência popular pernambucana, principal característica de sua trajetória musical. Parece muita informação, eu sei, mas não é. É certeiro e sorrateiro.

É suave ao mesmo tempo que é cortante. E tem gosto doce ao passo que é travoso feito a carne de caju que ele tanto canta. Sim, sou suspeita, essa mistura me ganha desde que ouvi Quinteto Armorial pela primeira vez e fiquei atônita por horas tentando entender a imensidão daquilo tudo. 

Quantos mundos cabem naquelas canções? E nessas? Onde estou e pra onde elas me levam a partir de agora? 

Não sei. Só sei que enquanto houver música em mim, a vida segue cheia de esperança!






Lembrete de Recife direto para o coração:

Estar ao lado todos os dias não significa estar próximo.
Próximo é estar dentro.


domingo, janeiro 03, 2016

O primeiro mergulho de chuva

Antes do ano acabar eu já programava o primeiro mergulho de 2016. 

Depois de tantos últimos mergulhos do ano, ficou a promessa daquele que seria o de entrada, o mergulho de cabeça e nado peito, que é como quero embarcar no ano do Macaco de Fogo, um ano que promete fortes emoções. 

Meus planos foram por água abaixo, literalmente. O ano começou mais vagaroso, sem sol e com muitas nuvens. Se por um lado isso me frustrava, também me causava um enorme alívio a não vontade de sair de casa e repor um pouco dessa energia não-solar. E ontem, que seria o dia do mergulho, o Rio nos presenteou com um tempo mais fresco e nublado no lugar de um mar verdinho. 

Eu, que ciceroneava colegas de Recife, me vi fugindo deles lá pelas tantas: mal entrei na festa e já fui-me embora, agoniada que tava com tanta gente, voz, fila, vida. Fui descendo aquelas ladeirinhas rumo casa até que o Bar do Gomes se joga na minha frente me chamando pra uma cervejinha solitária, sentada de boas naquela calçada pra depois descer tranquila. Solitária, quanta pretensão a minha! Foi chegar no balcão e dar de cara com Mauricio, sem chance de desviar o que quer que fosse. Um abraço desnorteado, feliz ano novo! Que coisa esquisita. No meio de tanto turista e nenhum conhecido: logo ele. De algum modo intrigante que não cabe em algoritmo algum: ele. 

Estamos brigados, ou melhor, não o vejo mais como o via, o que torna tudo mais grave que uma briga e, ainda assim, como um milagre de inicio de ano, dividimos a cerveja sem grandes prejuízos, intrigas e sem trocar uma palavra sobre todos os mal entendidos e desgostos dos últimos tempos. Duas pessoas maduras, uma ao lado da outra compartilhando da mesma garrafa e até do mesmo sorriso desconfiado, ainda que uma não faça mais parte da vida do outra. 

Finalmente choveu a chuva prometida. Chuva, muita chuva. Foi a deixa perfeita! Estava na hora de cumprir minha promessa: não tinha banho de mar, é bem verdade, mas tratei de dar um jeito nisso e logo fui pra casa descendo aquelas ladeiras embaixo de uma chuva torrencial, que ensopava o vestido, os cabelos, o corpo inteiro, por dentro e por fora. Chuva daquelas que mistura lágrimas com gotas de céu e ninguém seria capaz de identificar ou julgar. Dei uma volta completa no mundo que é a minha cabeça, em 78 por segundo rotações.

Alma lavada, acho que era mesmo isso. 

As coisas são como devem ser. Não teve banho de mar - ainda - mas teve o banho mais importante do ano: o do perdão ao próximo e, principalmente, a si mesmo.











sábado, janeiro 02, 2016

O sol, o breu e a barba ruiva

No fim do ano conheci um rapaz. Um moço que aos poucos foi mexendo comigo e que, de algum modo, sei que também causei algum rebuliço ali por dentro, talvez, quem sabe, no contar de algumas horas, entre a última música no violão e o despertar de manhã, em uma manhã dessas qualquer sem importância pra ninguém. 

Certa vez, quando vimos necessidade de deixar as coisas um pouco mais claras, ele se abriu comigo, mostrando um lado mais frágil e escuro. Sim, pra deixar as coisas mais claras ele me mostrou a escuridão. Bingo!

Lembro que no momento me senti privilegiada em tomar conhecimento de mais uma face daquele garoto tão obviamente do bem. Ter ciência daquilo não o tornava vulnerável a mim e ao mundo, pelo contrário, engrandecia ainda mais sua existência perante o Universo. Com aquela postura ele não me bloqueava ou afastava, como temia. Ele me protegia, me dava noção geral de tudo e opção de escolha: ele fazia a roda girar sem necessidade de adicionar óleo quando tudo já tivesse travado. O óleo era o próprio verbo.

"Sem o dia, não existe a noite. Sem a noite, o dia não chega." Era o que papai dizia quando a gente queria que o dia durasse pra sempre nos finais de semana porque a gente tinha medo do escuro. "Um não existe sem o outro e essa é a grande beleza da vida." Papai completava com um ar mais filosófico enquanto pra gente, na condição de moleques, era suficiente entender que ainda bem que existia a noite, porque só assim o dia chegaria de novo. Isso a gente entendia. E passamos a ser amigos da noite também. Se ela existe, por que vamos nos ausentar de suas possibilidades? E brincávamos de esconde-esconde, de casinha do terror, monstro da bananeira, contávamos quantos vagalumes passavam por nós, descobríamos a delícia de um banho de piscina noturno e como era muito divertido a contação de história de medo embaixo dos lençóis, onde ninguém podia ver ninguém, apenas ouvir e imaginar. E quando chovia? Quando chovia era melhor ainda. Ficávamos todos ali na varanda olhando os raios no céu, ouvindo os cachorros uivando, os sapos tagarelando, os pingos grossos fazendo um barulho no telhado que nem que eu viva mil anos eu posso esquecer, as infinitas partidas de ping pong e todos nós cantando juntos acompanhados do violão de papai tão afinado. Com o tempo viramos amigos da noite. O jogo virou. Foi preciso até um freio pra que a gente continuasse aproveitando o dia sem perdas e danos. O danado do equilíbrio. Os opostos complementares.

Ter consciência sobre si é um caminho que nem todo mundo busca por medo de se ferir, por medo do desconhecido, de esbarrar com algo que pense não dar conta e acaba escolhendo o trajeto mais fácil. Uma morada embaixo do sol, a ilusão de ter as ideias sempre bem claras. Acontece que sol demais queima. Sol demais dói a retina e no fim vira breu. Um breu forçado. Uma dor adiada e maquiada que vem mais forte. Tudo que vem de supetão causa um solavanco mais intenso e sem direito a negociações. Ora, antes a gente tivesse apertado a mão do breu desde o início e encarado ele não como um inimigo, mas como um aliado. Somos feitos dessas nuanças, ninguém escapa pra sempre dessa condição: somos o que somos. Somos luz e solidão. Yin Yang. Sagrado e mundano. 

Hoje tudo faz sentido. Papai que sabia das coisas. E isso sempre viveu e existiu dentro de mim, principalmente quando sofro e enlouqueço de noite pra clarear e ser lúcida de dia. Eu vivo sabendo que é assim, que eu não preciso morrer, que crescer e se enxergar nua dói mas é importante demais. Curioso é que eu nunca tinha feito a ligação dos ensinamentos literais sobre escuro e claro de minha infância com o escuro e claro emocional. Foi preciso que um rapaz de barba ruiva me atentasse a isso, fosse luz na minha fresta. 

Que transformasse o verbo em óleo pra fazer a roda girar harmonicamente. 



Diogo, o índio urbano do Rio

Conheço Diogo tem pouco menos de uma semana. Nesse meio tempo nos encontramos 3 vezes: Santa Teresa, praia e na festa de ano novo. 

Deixa contar como que foi:

Era um domingo quente, como todos os dias: sol, mar, um Leme cheio de gente e de acontecimentos. Um calor danado, nossas cangas sendo invadidas por um mar sedento. Tudo molhado. Diogo ainda não existia pra mim mas se fazia presente através das conversas. Sempre havia alguém pra mencionar seu nome, contar alguma história e insistir que eu já o conhecia. "Não, não conheço". "Conhece sim", insistiam, mostrando alguma fotografia. "Não, gente. Não conheço mesmo." 

O fim de tarde chegou junto com um nó bem no meio do sossego: uma saudade antecipada de algo que anunciava que não mais seria. Um anuncio tolo feito por mim e pelo meu coração maluco e desregrado. Entrei de volta no portão de casa com a sensação de que o dia não teria mais jeito, talvez fosse melhor que chovesse como previsto. Que chovesse bem forte até lavar tudo, todos, as almas. E eu apenas dormisse estranha e acordasse lúcida e em paz como costuma ser depois de uma noite turbulenta. Mas não choveu. Pelo contrário: Alex mandava mensagem perguntando se me encontraria. Um sorriso se abria junto a uma esperança. E lá fomos nós pra Santa, pra vida, pra rua, para as possibilidades mundanas. De bate e pronto vejo quem eu não queria. Mesmo que soubesse dessa chance, preferia que ela não existisse. Alex ao lado, sorriso largo e firme, me olhava fixo com os olhinhos de samurai travesso. Resguardada e protegida por um olhar, segui em frente. A atmosfera estranha foi-se quebrando pouco a pouco e minha noite, agora com uma energia bem diferente do fim de tarde melancólico, foi salva. Muito por Alex, pela banda, por Mariah, por aquela rodinha marota de conversa, pelas heinekens e a magia de Santa Teresa, verdade, mas sobretudo por uma presença nova e inesperada: Diogo! 

A noite terminou com promessa de praia, que é o único pacto pessoal que tenho maturidade de cumprir no verão. E lá estávamos nós, um dia depois, em Itacoatiara. Um dia cheio de alegria e sorrisos. E mais risos e jacarés e sanduiches e pasteis e barra de proteína com gosto de bosta de cavalo e cangas que dialogam nas cores e fotos e protetor solar e livros e conversas e mais risos e o fininho que ninguém soube apertar e voltou pra casa, humilhado. A casa dos pais de Mariah, as amoras, o disco Transa pela primeira vez sendo chato, o caldo de cana com limão, o transito do cão, a conexão. 

"Como pode alguém que sabidamente está despedaçado por uma separação que ainda não se concluiu estar tão de boas assim?" Era isso que me perguntava e ainda pergunto quando lembro do semblante tranquilo e a energia tão leve que Diogo carrega em si. E a paz de espírito que transmite para o outro. Que transmite para mim que mal o conheço e já admiro tanto.

São raras as vezes que ele fala de Marcelo e quando fala, fala com uma ternura de causar inveja em qualquer membro de fim de namoro mal resolvido que só sabe ser mágoa. E Diogo fala com ternura mesmo quando conta que ficou até quatro e meia da manhã brigando com o danado e por isso dormiu tão pouco e, aparentemente, está acabado pra esse reveillon. Que nada. Foi o mais animado, do início ao fim. Algumas horas parecia que ia dar uma carreira e voar do terraço para o céu e voltar com uma sacola cheia de estrelas pra distribuir pra todo mundo.

Tinha um bocado de gente naquela casa pra estar perto, pra dançar, pra celebrar e no fim das contas a gente sempre terminava juntos, no mesmo riso, na mesma energia. Na casa, na praia pra ver os fogos, no ônibus, na festa. Até na virada, era ele quem estava do meu lado mesmo que a gente não tenha programado se perder de todo mundo. E ele mais uma vez salvou uma noite que poderia ter sido esquisita entre tanta gente estranha naquela praia também estranha, longe dos meus queridos do peito. E não foi. 

Hoje acordei meio desnorteada e ao mesmo tempo aliviada pela sábia escolha do fim de noite: fui embora do nada, sozinha, sem dar tchau pra ninguém. Simplesmente vi a brecha perfeita onde nenhum conhecido poderia me ver pra me convencer a ficar e fui. Senti que minha hora tinha chegado e simplesmente caminhei pra fora daquela coisa toda. Como venho feito tem tempos. Não sei o que aconteceu no fim da noite de Diogo e nem se aquela festa foi boa pra ele. Espero que ele não tenha brigado com Marcelo e nem feito as pazes, pra não complicar ainda mais a situação. Espero que a ressaca tenha sido mais suave que o previsto e que a gente se encontre muito em breve pra rir do outro e da vida. 

Eu aqui, desejando tanta coisa para alguém que conheci tem menos de uma semana e já me ensinou um bocado sobre a vida sem nem ter noção disso, apenas por existir e ser luminoso como é. Posso dizer que nesse fim de ano Diogo despertou o melhor de mim que tava meio esquecido, que é rir da minha própria cara. E de algum modo me inspirou a ver as situações através de um ângulo menos engessado. E eu me sinto muito grata em tê-lo encontrado na vida nos 45 minutos do segundo tempo do ano. 

Que força pode ir contra as boas energias do mundo que se encontram? Essa conexão é divina. Pra mim, esse tipo de coisa é que é Deus.

Um 2016 cheio de vida pra Diogo. E pra todo mundo!