terça-feira, janeiro 31, 2012

12 de abril



O tempo passa, a gente amadurece e acaba deixando junto com os anos as besteiras que éramos apegados enquanto criança. Isso pra mim faz total sentido em relação a quase tudo, mas, em se tratando de aniversário, eu não cresci um centímetro que seja! Se nunca fui dada a mimos, houve uma excessão quando o assunto era aniversário:  "Qual vai ser o tema?" "qual vai ser o dia?" "qual vai ser a hora?" Essas eram preocupações gostosas que chegavam com o final do mês de março. Meus pais sempre foram muito farristas e, se qualquer coisa era motivo para festa, inclusive o fato de estar vivo, não seria diferente com a comemoração de aniversário dos filhos. E eu sempre adorava. Era uma maratona de salgadinhos, docinhos e bolo. Mas se pensam que era só contratar um buffet e pronto, estão muito enganados. Sempre metemos a mão na massa, literalmente, com muita vontade. E era bom demais. Enrolar os brigadeiros, ajudar mamãe a fazer o risóle de camarão mais incrível do mundo e enfeitar a casa! O churrasco ficava por conta do meu pai. Quem conhece e já provou, sabe do que estou falando. Divino! Essa rotina festiva se repetia por todos os anos, quase sempre churrascos. Depois fui crescendo e entrando na onda de festinha a noite e então meus pais adaptavam tudo. Faziam do rebaixo da sala uma pista de dança, e, do mesanino, o espaço do dj. Ah, os djs eram meus irmãos, claro!


Festa surpresa que fiz para Igor
Com o tempo isso foi tomando força e uma proporção que era impossivel iniciar o mês de abril sem que começassem os buchichos entre meus amigos sobre o dia 12. O tal dia. O meu dia e também deles, afinal, a diversão era garantida pra todo mundo! Papai e mamãe alugava até kombi pra levar todo mundo direto do colégio, quando caía na sexta-feira!

Algumas vezes era complicado comemorar próximo da data por conta da páscoa, quando calhava de cair bem na semana Santa. Mas sempre dávamos um jeito, nem que o jeito fosse comemorar bem antes ou depois. Passar em branco é que não podia! E, apesar de adorar chocolate, achava um saco quando caía nessa data, pois eu só ganhava ovo de páscoa. Mas, por outro lado, isso passou a ser um indicativo que carrego comigo até hoje. Na verdade, principalmente hoje em dia: Quando começo a ver ovos de páscoa pelos super mercados, lojas de conveniências e lojas americanas, meu coração já começa a acelerar e a me dizer que tá chegando! E foi justamente nisso que não cresci. Mesmo que eu já não faça festas como antigamente (a última festança que dei foi em 2007, 19 anos comemorando em grande estilo sem interrupção), mesmo sem tantas pessoas e até mesmo sem tanta vontade de fazer mega festas, continuo com aquele sentimento gostoso de aniversário. Sentimento de acordar, tomar o banho mais gostoso, me arrumar, sair feliz da vida pelas ruas, ficar chateada por receber tanta ligação telefônica. Ficar chateada no caso de não receber alguma ligação telefônica por saberem que não gosto, ganhar presentes, sair para comer em algum legal, poder reunir as pessoas que quero por perto, enfim, o meu dia. Isso eu continuo carregando com tanto gosto que chego a encher o saco de uns e a deixar outros desesperados. Minha mãe já é acostumada e entra na onda. Igor, coitado, que é novo na parada fica com medo de me decepcionar. Mas já deixei claro e venho por meio deste post, mais uma vez, afirmar que pra mim, o bom do aniversário são essas atenções. Esses carinhos. E, principalmente, esse sentimento que sinto dentro de mim, independente do que aconteça por fora. Associo esse dia, aos milhares de dias felizes da minha infância, em aniversário ou não. E isso me basta! Tanto que me bastou por todos esses anos após os 19 e por escolha própria. Um dos aniversários que mais me diverti, por exemplo, foi nos meus 21 anos. Quando marquei com todo mundo em um bar mas acabei indo pra outro mais cedo com dois amigos e perdi a hora de seguir para o marcado. Cheguei no final da minha festa mas os outros amigos estavam se divertindo lá, estávamos todos no mesmo clima de alegria!

papai se preparando pra me dar uma tortada!
Ano passado, Nina, meu pai e meus amigos quiseram relembrar o gostinho nesses encontros e fizeram uma festa surpresa em grande estilo. Foi uma coisa absurda, até hoje me pego pensando a respeito. Já estava morando no Rio de Janeiro e fui passar uma semana em Recife para matar a saudade e pra aproveitar a data do meu aniversário e a passagem que tava baratinha. Caía em uma terça-feira e eu marquei com os amigos em um bar, mesmo sabendo que muitos deles poderiam não ir por conta da chuva torrencial que estava acontecendo na cidade. No dia 12, meu pai me liga falando que queria jantar comigo, em casa, em Aldeia. Aldeia tem uma distância equivalente a um pouco mais que a metade do caminho do Rio para Petropolis, a questão é que ainda tinha a tempestade como agravante. Expliquei para meu pai que havia marcado com uns amigos e perguntei se não poderíamos almoçar. Ele falou que não podia porque tinha que levar as crianças no médico, mas disse que me levaria de volta para a cidade depois do jantar. Não insisti. Família é famlília. Deixei o barzinho em stand by e informei aos meus amigos da possibilidade de abortar a missão. 

A surpresa
Estava na casa de Joana esperando por meu pai, quando ela me falou pra me arrumar um pouco e eu insisti que não, que estava indo pra casa, que tava ótimo aquele blusão com short de ficar em casa. Ela insistiu. Falou para eu ir arrumada, pois depois iríamos sair. No último momento acabei ouvindo o conselho dela, que foi comigo para esse tal jantar. (que sorte!!!)

Papai nos buscou, e, no longo caminho para casa, ele recebia uma ou outra ligação no celular. Normal. "hmmm, tá faltando energia,é? que merda. Então o portão eletrônico tá sem funcionar... Quando eu tiver chegando vc abre o portão lá de trás".
"O eletricista chegou aí já? ahan, já estamos chegando aí. Ah, tudo bem, paro na farmácia e compro. É o tempo dele chegar!"

Finalmente chegamos na granja. Breu total. Chuva absurda. Recebo uma ligação e começo a falar, no silêncio da minha casa, que estava com dor de barriga mais cedo e por isso desliguei o tel. E foi nesse instante que as luzes se acenderam e havia na minha frente, além de todos os meus amigos da antiga geração, os da nova. Uma festa linda, mesa de comidas, mesa de bebidas, bolas e a maioria das pessoas já bêbadas, me esperando há horas. Dei um grito muito alto, caí em cima de um isopor e meu celular voou e se espatifou lá longe. Fiquei tremendo por alguns minutos até cair a ficha. Passado o susto e quando eu ja tava me inteirando da festa, meu pai me passa o telefone falando que era meu irmão, ligando do Rio. E eu falo toda desaforada: "quero falar com vc não!!!! passei o dia inteiro mandando mensagem pra vc me dar parabens e só agora tu vem me ligar??? seu fuleiro!!!" enquanto eu reclamava, a voz dele de maneira estranha começou a ficar mais alta e eis que ele corre por trás de mim e me agarra!!! Deus do céu!!! As surpresas não acabavam!!! Meu irmão veio diretamente do Rio e estava escondido na minha casa há 3 dias, pra eu não saber da surpresa.  Foi mesmo uma lindeza ver todo mundo alí. Não teve chuva, não teve distância e nem dia de semana que fosse empecílio para os meus estarem ao meu lado nesse dia. Foi bonito demais!

Aiai, e só de escrever já me dá alegria e vontade que chegue logo! Esse ano eu quero fazer um jantar com massas e vinhos para os amigos próximos que estiverem no Rio. Coisa pequena e bem amor.

Então, vamos ser práticos: faltam exatamente dois meses e 12 dias! Mas pra mim já começou, pois umas das coisas que mais gosto nessa data, é essa previa toda.

alegria, alegria!



A cultura do telefone - ou a contracultura





Um aparelho bege com botões giratórios.  Essa é a primeira imagem que tenho de um telefone. Ele ficava em cima de uma mesinha pequena na sala e, na época, me servia apenas para girar aqueles números aleatoriamente, só pelo prazer do barulho que fazia.  Anos mais tarde, meus pais trocaram por outro, também bege, com botões pretos apertáveis. Esses passaram a ter uma serventia maior para mim: Pela noite, eu atendia e dizia que meu pai ainda não havia chegado, mesmo quando na maioria das vezes ele estava na minha frente me pedindo isso.  “Meu pai falou que não ta”. Frase clássica e que já me rendeu algumas broncas e  constrangimento para ele.  O telefone na minha casa quase não tocava: meus amigos eram novos demais para falar no telefone.  Meus pais eram novos na cidade, não tinham muitos amigos.  Meus irmãos estavam mais preocupados com o lego e com a casinha de árvore que meu pai havia construído.  


Anos mais tarde as coisas começaram a mudar: O telefone tocava com mais freqüência, principalmente nos finais de semana, quando meus pais  marcavam churrasco lá na granja.  Mas o diálogo era muito básico e direto.  “o churrasco é as 10h. Ok, estou esperando por vocês”. Como nessa época não tinha e-mail, meu pai havia desenhado um mapa de como chegar na minha casa e entregou para todos os amigos, logo, ele não se dava ao trabalho nem de passar o endereço.


Vez ou outra, via minha prima mais velha “pendurada na linha” quando ia em sua casa, mas não entendia direito o motivo. Mas pelo rosto dela, parecia ser uma coisa divertida. 
Em pouco tempo, meu irmão mais velho também estava na onda. Arranjou a primeira namoradinha e, com ela, horas a fio, literalmente. Minha mãe reclamava e ele desligava. No outro dia era a mesma coisa. E no outro e no outro. Era como um jogo que só parava quando mamãe berrava pra ele desligar. Ou quando eu precisava fazer uma ligação pra saber sobre alguma tarefa que não tinha anotado.  Ele desligava, eu ligava por 1 minuto e ele retornava a ligação. 


No inicio eu achava que ele não encontrava a namorada na escola. Mas depois comecei a achar estranho quando eu fui buscá-lo no colégio para irmos ao médico e lá estava ela, Mi, bonitinha ao lado dele.  E bastou ele pisar em casa pra se agarrar no telefone novamente.  Ainda tinha isso! A angustia da ligação só ocorrer quando chegasse em casa já que não tinha celular e levando em conta que minha casa é afastada da cidade.


Bom, a partir daí eu comecei a ver que o negócio deveria mesmo ser bom e que era apenas uma questão de tempo. Enquanto eu não crescia o suficiente pra me divertir com aquele aparelho bege de botões pretos, continuava a atender para meu pai, dizer que ele não está. Atender uma ligação de uma amiga perguntando sobre uma atividade. Ligando pra uma amiga pra saber o nome do remédio de piolho. Ligações que deveriam durar meio minuto.  


Até que certo dia esse desejo surgiu em mim. Eu queria muito ligar. Eu, que nunca soube direito o por que daquilo tudo: você e um aparelho. O aparelho e você.  Fui pega, finalmente, pelo desejo do botão: Era uma tarde comum, dia de semana, e eu estava assistindo ao programa fantasia, quando aconteceu uma brincadeira de adivinhação com umas cartas de baralho gigante e que eu tinha certeza absoluta da resposta (eu e todo mundo que estava assistindo). Acontece que nesse ínterim de desespero em saber a resposta, surge um número no rodapé da tela, onde quem LIGASSE e acertasse a resposta, ganharia algum prêmio.  Bom, essa empolgação passou quando aprendi (também nesse dia) a diferença entre 0800 e 0900. E essa ligação, pra meu azar, começava com um 0900 em negrito. E se eu me atrevesse a fazer, meus pais iriam comer meu fígado. Ainda que eu acertasse. Mas eu queria tanto... Lembro de ter cogitado pedir isso de presente de aniversário, mas não tive coragem. Nessa época eu achava que essa ligação poderia sair mais cara que um presente (pois me falaram que era um absurdo de cara por ser pra SP).   

Enfim, fiquei com esse desejo contido, mas o desejo, na realidade, não era pela ligação e sim pelo que ela me proporcionaria.  (e também pela amostração de ser ouvida em rede nacional).


Anos mais tarde, supostamente, deveria ser a minha vez:  Eu tinha 15 anos, e, juntamente com a idade, tive meu primeiro namorado e meu primeiro celular, pois meus pais PRECISAVAM se comunicar comigo fora de casa. Era um aparelho bonito da Samsung.  Prateado com uma luz azul. Nessa época um aparelho ter alguma luz que não fosse verde, era moderno demais! Ele se chamava Samsung easy.   Bom, eu e o namoradinho estudávamos na mesma escola e no mesmo turno.  Éramos de turmas diferentes, mas o recreio era igual.  Nos víamos diariamente e também nos finais de semana em programas como cinema, showzinho e barzinho (pra comer e beber refrigerante, pois nessa época eu não bebia. Comecei tardiamente aos 18). 


Certo dia chego em casa, a noite, após um desses passeios e eis que ele me liga. “Carlinha, é Vaz!”. De bate e pronto pensei que ele tivesse esquecido algo comigo e quis confirmar. Mas não. Ele começou a conversar. E eu fiquei esperando o ponto da questão que não veio durante toda a ligação. “boa noite, boa noite”. Foi ali que notei que era a minha vez de fazer isso e achar legal. E foi quando notei também que havia só um detalhe: eu não estava gostando nada daquilo. Minhas amigas também começaram com essa invenção de ligar só por ligar e tentavam manter um assunto longo – e chato. Não, o assunto não era chato, mas se a gente iria se ver no outro dia, sobre o que iríamos conversar, então? 

Com o tempo elas foram percebendo minha impaciência na ligação e passaram a não me ligar mais. A respeitar isso.  Ligavam só pra chamar pra sair ou pra falar sobre coisas práticas. O namoradinho continuou ligando, e, conforme os anos iam passando, as pessoas começaram mais e mais a ligar. E eu comecei mais e mais a colocar o telefone no vibracall, quando aprendi essa função e isso dura até os dias atuais. Mentira, meu namorado já brigou tanto comigo por conta disso, por me ligar e o telefone estar no silencioso, dentro do armário, que hoje em dia quando chego em casa, coloco no alto. No inicio, batíamos um pouco de frente, afinal, essa é a maneira que temos de matar as saudades quando estamos distante. Mas, bem, quase nunca estamos distantes. Dos 7 dias que preenchem uma semana, 5 eu durmo com ele. Então, acredito que seja mais uma questão de costume essa história de ter que passar horas pendurada. Hoje em dia ele aprendeu a respeitar isso e percebe com facilidade quando começo a ficar impaciente querendo desligar. Afinal, nos vemos sempre e é tão mais gostoso conversar ao vivo! Guardar as boas novas para os olhos nos olhos! Bom, mas de uma coisa eu não abro mão (e que ele não me invente de cortar isso só de ruim):  Ouvir o "boa noite, meu amor... " quando já estou deitadinha embaixo do vermelhinho, mesmo que tenha que ser através de um fio que sequer existe mais.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

meu charlie brown



No ônibus para Paraty:


Ele -tou levando três blusas e as três são amarelas... iiih... acho que fiz a conta errada e tem uma a menos!


Eu - : )


Último dia em Paraty, após o banho:


Ele - É, vou ter que escolher a menos suja pra usar


Eu - Fez a conta errada não, meu amor. Olha o que eu trouxe pra você (e tiro do fundo da minha mala a blusa do charlie Brown)


Ele (Cara de impressionado e feliz. Com a coincidência na hora certa e com a blusa - e sua cor também amarela.)


- Tu achou essa blusa onde, amor?


Eu -Eu que pintei, lindo


Ele -Um rostinho que não dá pra descrever : ) 

The Nutcracker







Emoção e admiração. São essas as palavras que me vem a cabeça quando lembro da apresentação do Quebra Nozes a que assisti no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no final de dezembro. Além do normal, que é, de fato se emocionar com tal espetáculo construido minimamente para isso, tem o plus de, pela primeira vez, estar do outro lado. Do lado da platéia. Um olhar até então desconhecido por mim que nunca havia assistido ao Quebra Nozes. Apenas feito. O cenário, a iluminação, o figurino e a orquestra. Tudo equilibrado em uma harmonia que te transporta por duas horas para um mundo mágico, pleno. E a cada cena, um sorriso e uma surpresa, apesar de ter a sequência na cabeça. Tudo parece novidade e realmente é. Do palco eu sentia meus pés, meu coração e minhas mãos, leves. Da platéia eu sentia tudo isso, por eles. E sentia por mim a alegria incomensurável de estar alí, sentadinha e aproveitando cada instante. E apesar de ser um espetáculo tão antigo, é absurdamente atemporal. Flutuando por gerações.


Meu coração acelerou feito foguete na Valsa das Flores, para mim, a mais linda de todas. A roupa estava impecável e a orquestra também. A valsa das flores me carrega para lugares antigos e novos. E as mãozinhas involuntariamente aconpanham, discretamente, a passada das notas. Relembrando sem pressa o cabelo sendo preso, a flor no grampo, as camadas da saia, a maquiagem pra ressaltar os olhos, a sapatilha de ponta e a dor no corpo que não mais se sentia. 


Logo veio o Pás De Deux e as lembranças correram nos olhos. Os passos, os olhares, a leveza e beleza daquela dança a dois. Os giros perfeitos que nunca conseguia fazer nos ensaios e surgiu como uma pluma no dia do espetáculo. O rosto dos meus pais. As fotografias. A plaquinha dourada. Os abraços e as flores. 


Sentir-me grandiosa e cheia de orgulho. 


É feliz ter lembranças tão consistentes,tão densas. Pegáveis!

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Uma vez artista, artista sempre!

-E quais foram as danças que tu já fez?
- Ballet clássico (10 anos), jazz, sapateado, dança popular, dança contemporânea e umas oficinas separadas de frevo e cavalo marinho, que também se enquadram no popular!
-Mas Carlinha,então tu ja fez tudo! Deveria ter perguntando qual foi a dança que tu ainda não fez!
- Dança de salão e tango, não fiz e quero fazer!


Esse diálogo era comum em ambientes de dança no meu tempo de glória. E, fazer tango ou samba de gafieira era um desejo que parecia muito distante, ainda mais em Recife que não tem essa cultura como aqui no Rio de Janeiro. Então me contentava com o samba no pé, minha paixão. E, pra compensar, a amostração sempre foi das grandes! Não podia escutar uma cuíca ou tamborim que meu coração acelerava e meu corpo se rexemia na mesma passada.

Quando mamãe se mudou para o Rio, antes de mim, começou a fazer dança de salão e a aprender, simultaneamente, o tango. Foi uma alegria enorme  vê-la executando uma antiga vontade. Logo mamãe, que nunca fez dança nem quando pequena, estava agora, dançando tango! Ao vê-la se apresentar pela primeira vez em público, dois anos após ela estar fazendo aulas,  não pude me conter de tanta felicidade: estava linda, luminosa e impecável. Pra mim foi o suficiente para sentir-me realizada. Mas pra ela não. Ela não se conforma em me ver sem dançar e não para de falar que, com a memória do meu corpo, eu pego em dois tempos os passos. E que isso e que aquilo! Eu concordo com ela. A dança fez e continua fazendo parte da minha vida, então, porque não continuar? Em paralelo a isso, o Igor tá aprendendo a dançar forró comigo e tomando gosto por novos rítmos (ou abrindo a mente, como ele fala), até já se arriscou em uns pacinhos em algumas festas. Dança timidamente mas com rítmo, como falou mamãe no dia em que dançou com ele.

A vontade de voltar para a dança já era concreta, só não havia decidido para qual segmento: queria voltar para o ballet clássico mas acabei deixando pra depois. Um depois que até hoje não chegou. E eis que certo dia em uma mesa de bar, minha mãe chega falando: "Igor e Carlinha, vai abrir uma turma de tango e dança de salão para iniciantes lá na academia. Carlinha entra como bolsista e Igor como pagante, e então?"

De bate e pronto topamos o desafio e no dia 2 de fevereiro damos início a nossa primeira aula!

Bom, confesso que essa animação toda deu uma engasgada ontem, quando minha mãe soltou a seguinte frase:

"Ah, carlinha, vc precisa ver se aquele sapato alto dá em você"
"hã?"
"Carlinha, você já viu alguém dançando tango de chinelo ou tênis? faça-me o favor"
"-iiiih..."
" (mamãe fazendo risinho de quem diz: uiiiii

Pronto, é isso! A pessoa não sabe nem andar de salto alto e já vai começar dançando!

E viva o desafio!



mamãe e Joe esquentando para o baile de tango.
Foto tirada ainda nesse instante. Lindos!

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Das minhas virtudes

Um amor tranquilo, um coração bonito, saúde avantajada e uma estrada ensolarada.

Vez por outra, chuva. Eu gosto de chuva pra aguar a planta do meu rosto, pele, cidade. 
As árvores. As plantas que habitam em mim, as sementes que dão na mão, o broto no pé. O grão na pá. Água: aguar. 


Para o molhado se fazer seco e o seco esperar a tempestade que invade. Invade e dói. 


Não afaga, afoga. Nadar: braços, mãos, pés e pernas. Esforço e força. Perceber, proceder, progredir, programar. Respirar. 


Amar. Amar sempre e muito e quando e se. Eu, sol, eu sou, solar. Eu, mar, amar. Em dias de céu azul, cinza ou avermelhado. Em dias de céu. E suas nuvens, alvas e gasosas, carregadas de desenhos, lágrimas ou nadas. 


Eu gosto dos nadas. Acho graça nas reticências, vejo beleza nos vazios, nas paredes brancas, nas quinas e nas esquinas. Vejo graça nos dias que passam. Nos passos. Nos, nós. Nos nós que se enlaçam;

E  nesses dias quase sempre em dia, eu vou.


leveza: essa é a palavra de ordem! (terê, 22/01/12)

"Prende a respiração e faz um pedido!!!"

É esse o pensamento/frase que carrego comigo toda vez que passo por um túnel! Desde pequenininha essa supertição toma conta de mim e de quem mais tiver por perto, feito um contágio! Todos silenciam, prendem a respiração e fazem um pedido. O mesmo se realiza caso você ultrapasse o túnel sem respirar. Cresci e as coisas não mudaram. Toda vez que passo pelo Santa Bárbara, indo ou voltando da rodoviária, prendo a respiração e faço o pedido! E, das várias vezes que tentei, nunca consegui. Sempre fico por muito pouco. Sempre que vejo a luz lá no fundo, sinalizando que o final está perto, acontece uma mistura de ansiedade e angustia que sempre me derrubam. Meu namorado sempre consegue com folga e eu insisto. Insisto e insisto. Uma, duas, cinco, dez. Já nem sei quantas vezes tentei, sem sucesso. O pedido é sempre o mesmo e a tradição de não poder contar qual é, também. E eis que ontem, finalmente, na volta de Teresópolis, consegui ultrapassar!!! Acredito que o fato de não olhar o final do túnel, a luz e o que quer que seja, tenha ajudado a me manter concentrada. A alegria foi enorme, e a lição de se manter tranquila, serve para tudo nessa vida!

É isso! E que venha o Rebouças! (heheheheh engraçadinha
)

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Secreto


Poucas coisas são tão devastadoras quanto a memória olfativa!

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Falta apenas 1 mês. É isso mesmo, produção???



A linda Olinda

Contagem regressiva para o melhor e maior carnaval do mundo! Bairrismo à parte, isso é um fato mais que comprovado. Olinda e Recife Antigo, em vocês habitam os frevos, os bonecos gigantes, os corações pulsantes, as fantasias e os shows mais esperados do ano! E o melhor? TUDO de graça. Não tem essa de festinha paga pós bloco como custuma acontecer nos outros lugares. É festa de dia, e, se não bastasse, festa a noite! E haja disposição, protetor solar, líquido e purpurina pra celebrar esses 5 dias de pura alegria!

As cantigas já estão na cabeça e a ansiedade impera, juntamente com o sentimento gostoso de começar a preparar as fantasias.

E foi dada a largada!






Em busca do charme nos médios

Pois é! faz nove meses que torei o cabelo desse tamanho:




E pelas contas, fica faltando 1 ano e 5 meses para ele voltar a ficar da maneira que estava:


E, por enquanto, ando na difícil missão de buscar um tanto de charme no tão cabuloso cabelo de tamanho médio! Eu e minhas tendências para oito ou o oito mil! :)


terça-feira, janeiro 17, 2012

Sobre crenças, pessoas e contratos


Quando somos pequenos, aos poucos adquirimos confiança nos nossos pais, por serem para nós, os que sabem de tudo no mundo, e, desse modo, passamos a depositar confiança e segurança nas pessoas mais velhas de um modo geral. Entramos na escola e então colocamos em prática o ato de acreditar nas pessoas: nos ensinamentos dos professores, nas histórias que te contam e até nas conversas dos amigos, que mesmo sendo tão criança quanto nós, são sempre próximos e fiéis. Os que não são fiéis, são ingênuos o suficiente pra deixar isso transparente, seja em uma briga em que você saiu estapeado, seja te excluindo das brincadeiras e falando mal de você, de maneira tão amadora, que você fica sabendo no mesmo dia, pois a intenção não era a de manter segredo e sim a de te manter afastado, mesmo que no outro dia vocês já estejam brincando juntos novamente. 

A memória infantil costuma assimilar esse tipo de comportamento de rejeição e ao mesmo tempo de amizade, como casual, normal: se você está me enchendo, te excluo da brincadeira. Se você pode somar, eu te chamo. E, como maldade é uma palavra que não combina com criança, esse tipo de atitude que oscila, não é chamado de crueldade. Criança não é cruel, criança tá descobrindo o mundo e ainda não tem consciência que tais atitudes infantis, se tratadas como adultas, podem ser consideradas algo, no mínimo, deselegante. 

Criança é verdadeira ao ponto de te querer perto apenas quando lhe convém, e, diferente dos adultos, ela não te esconde isso. Ela deixa claro em cada ação. Quando se trata de amizade, querer bem e qualquer laço relacionado ao coração, ela é íntegra e presente. Criança sempre espera do outro o que ela mesmo faz, por saber que esse retorno será 100% recíproco,  pois para elas, amigo que é amigo faz e recebe. Diz que fulano é d+ e recebe de volta um +QD+. Escreve uma cartinha já sabendo que receberá uma em troca, no papel de carta mais bonito. Compra o presente de aniversário e recebe outro no seu dia. Dá cola na prova de matemática e recebe na de português. Criança tem a lei da compensação e um contrato de reciprocidade na qual nenhuma delas precisou assinar nada, uma espécie de acordo entre mini cavalheiros.

Eu era uma dessas crianças, acredito que você que está lendo, também. Eu era essa criança até o dia em que  meu lanche caiu e ninguém dividiu comigo  ou que não fui chamada para o cinema com um grupinho específico pois o carro estava cheio. Minha visão sobre o mundo começou a mudar, mas minha postura sobre ele, não. Continuei dando cola, escrevendo cartinhas, ajudando, temendo pelos outros e me ferrando por não ser cabueta, por exemplo. Á medida que fui crescendo e tomando noção de que por vezes, cada um deveria ser e agir apenas por sí próprio, eu continuava agindo por nós, um conjunto. Cada vez mais. E mais e mais a vida foi, aos poucos, mostrando que o que eu doava de mim, na maioria das vezes não era proporcional ao que recebia de volta, e, com o sentimento de criança, achava isso feio, ruim e injusto.

 Desse modo, muitas das crianças que eram crianças feito eu e compartilhavam desse contrato sem assinatura, começaram a se sentir injustiçadas e a única maneira que encontraram para não serem passadas para trás, foi agindo igual. E ao passo que o tempo ia passando e eu ia ajudando e confiando, mais e mais crianças -agora adultas- iam se desiludindo e entrando no mundo calculista em que hoje vivo. E isso virou uma bola de neve na qual as pessoas que continuaram carregando embaixo do braço o contrato inassinável, não conseguiram mais controlar ou ter consciência de quando iriam se decepcionar. E as decepções, juntamente com as consequências, passaram a ser mais graves do que um convite para festinha não efetuado e um gelinho de troco. 

O mundo passou a ser mais duro e proporcionalmente mais contraditório. Porque ao mesmo tempo que algumas pessoas  continuam acreditando na vida e no coração bonito, a maioria rasgou esse contrato invisível no dia em que desamarraram seu cadarço de propósito e, desse modo,  se transformaram em pessoas grandes o suficiente para usarem apenas  contratos de papel e caneta bic.

 

segunda-feira, janeiro 16, 2012

O dia em que ela deu uma de doida

E, ao ser apresentada para o tio mais requisitado da família, ele fez questão de saber como nos conhecemos. Ao contar a história, ganhei um fã e um punhado de vergonha ao vê-lo contar minha/nossa história para o restante das pessoas do churrasco: amigos, familiares e agregados, sempre impressionado e repetindo:

"é muita criatividade!" "Nunca ví um negócio desses!" "Esse pessoal de Recife,viu..." "Essa eu preciso anotar"


E é sempre muito gostoso relembrar e compartilhar essa história que já começou de modo espontâneo e divertido. Aliás, todo início de namoro é sempre carregado de alegria e particularidade, mesmo quando se trata de inícios batidos, como conhecer em festinhas, trabalho, faculdade, redes sociais, enfim, o modo em que costuma acontecer com todo mundo o tempo todo, mas, segundo Ernani: "Eu te admiro muito, eu não teria coragem de fazer isso" E prontamente eu respondi que também não teria, e é justamente aí que mora a graça: a surpresa!

Era uma noite fria de sexta-feira, no mês de maio,  e eu tava em casa, acabada depois de um dia intenso/tenso de gravação. Tudo o que eu mais queria era ficar quietinha, mas eis que minha amiga Nina aparece e me relembra que combinamos de ir a uma exposição de nú artístico no casarão da Glória. Tava em cima da hora e ela já estava pronta. Eu tava morta e sem querer desembolsar R$20 reais para tal programação. Ela também não queria pagar, mas, bem, uma vez que combinamos, lá fomos nós. Com câmera na mochila e pouca disposição.


O lugar era bonito, a exposição era média e o foco (fotografar os modelos vivos e nús) acabou sendo desviado ao me deparar com um rapaz, alto, barbudo e bonito, encostado no bar, sozinho, tomando uma cerveja.


Bom, mentira, o foco era fotogragar os modelos nús mesmo, acontece que o frio tava muito grande, tava chuviscando e o evento acabou demorando horas para iniciar. Enquanto isso, tratei de procurar algo mais divertido para fazer. Não sei o que estava acontecendo comigo e com Nina que nesse evento, onde todos estavam fazendo fila para tirar foto com um "tal fotógrafo bam bam bam", esse mesmo fotógrafo nos pediu pra tirar foto com ele. Não estávamos bonitas, não estávamos, sequer, animadas, e, com certeza não temos cara de gente importante. Enquanto estávamos de papo com o tal fotógrafo e sua trupe, percebi o rapaz alto, barbudo e bonito, encostado no bar, sozinho, tomando uma cerveja, (agora sim!) e, um tanto sem jeito, reparei que ele também reparava em mim.

Saí de fininho da conversa cabeçuda entre fotógrafos e fui olhar a exposição, afinal, ainda não havia escolhido minhas fotos preferidas para colocar na urna. Com a câmera pendurada no pescoço e o papelzinho para marcar as fotos, reparei em um olhar lateral que o moço estava do meu lado, a mais ou menos dois metros de distância, e, foi nessa hora que eu saquei a câmera e com um tanto de falta de noção, fiz de conta que estava fotografando a parede com as fotos que estava na direção do rapaz bonito. Ele se afastou. Girei a câmera mais um pouco em sua direção. Ele se afastou mais uma vez. Fiz esse mesmo movimento pela terceira vez, e, ao perceber que ele se afastou novamente, abaixei a câmera e, firmemente (e um tanto sem paciência) soltei: "posso tirar uma foto sua, por favor?" E ele respondeu o sim mais tímido que já ouvi na vida.


Ele pediu para ver a foto e falou que se fosse o professor dele, ia reclamar que cortei a pontinha do quadro. Eu pedi seu e-mail para encaminhar a foto (espertiiiinha), rimos da situação, e, antes mesmo que eu me virasse para continuar a ficar com vergonha por tal feito sozinha, ele puxou assunto e tratou de engatar um assunto no outro. E a conversa se alastrou pelo restante da noite. Até que ele precisou ir ao banheiro e falou: "não sai daí que eu volto rapidinho".
Esperei. 

Voltamos juntos no metrô, e, desse dia em diante, ele nunca mais saiu de perto de mim.

Abaixo, a foto histórica: 



Casarão da Glória, 27 de maio de 2011

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Mariando



Faz mais de três meses que, diariamente, cruzo com pelo menos 4 sapatilhas dessa por dia. (Isso não é uma brincadeira!). No início fiquei pensando que deveria ter algum significa cósmico ou que simbolizasse alguma coisa. Logo pensei: Ah, deve simbolizar promoção,isso sim! Certo dia encontro com meu namorado e ele também comenta a respeito da sapatilha e dessa febre toda. Com o passar do tempo esse calçado começou, mais e mais, a tomar conta das ruas e das mulheres. E, observando com calma, ví que não se tratava de uma promoção da cats, pois haviam variações da mesma: algumas mais brilhantes, outras mais foscas, umas com melhor acabemento e outras meia-boca. E então chegamos a conclusão que existe um símbolo sim e vai além de promoção: é moda!!! 

Eu não tenho nada contra moda, mas nunca fui muito adepta. Não necessariamente por "ficarem todas par de jarro", mas porque de fato as coisas da moda nunca me agradaram muito. Lembro quando surgiu a moda da calça corçário e eu achava aquilo uó! Eu era pequenininha e achava feio, não quis usar. Ano passado surgiu a tal da saia bandage e todo mundo falava que eu ia ficar linda nela, pois sou magrinha, mas eu já pensava que ia ficar parecendo uma salsicha e também não usei. Na mesma época veio a saia de cós alto. Acho que essa ficaria bem em mim, mas confesso que não aderí porque me dá agonia ver todas as garotas com "esse tipo de saia, cabelo de chapinha e maquiagem" como disse meu namorado! E, de combo, a tal sapatilha!

Mas agora, por exemplo, estou com as unhas roxas (moda) e gosto de (alguns) acessórios dourados (que antigamente eu não podia nem sonhar em usar e a "moda" me abriu a mente). Ah, a leg que antes eu achava horrível, hoje em dia uso n'uma boa.


Sapatilha também é uma moda que eu aderi feliz da vida, pois não sei andar de salto alto. Aliás, ela salvou total, pois antigamente eu tinha duas opções: ou ia para festas chiques de longo e rasteira (e usava como desculpa que ninguém ia ver) ou então ia de sapato alto e parecendo uma pata.


Bom, pra finalizar, acho que a havaianas poderia doar seu slogan para a tal douradinha, afinal, "todo mundo usa".


E viva as Marias...

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Amor...

  


... É acordar mais cedo só pra ver ele acordar

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Matinal



Tempin ruim, frio que não vai embora
Tomand'um cafezinho pra esquentar
Só que o que eu queria mesmo agora
Era meu corpo no seu enroscar

I.S
Meu poeta...

terça-feira, janeiro 10, 2012

Árvore

Árvores genealógicas sempre me atraíram. Querer saber quem veio antes, a raíz. Quem complementou as folhas e os frutos para que aquele conjunto enorme de pessoas possa ser chamado de Família.

A minha é aquele estilo de família enorme, mas bem segmentada, o que colaborou para que eu gostasse de estudar sobre.

Meu avô é cearense e a minha avó, amazonense com descendência sírio-libanesa. Meu pai é amazonense e seus avós são índios.  O Fadul faz referência ao pézinho nas arábias, mas nossos olhos deixam isso bastante claro: "gordinhos no meio ao mesmo tempo que são esticadinhos", como sempre ouvi na vida. O Alencar é cearese. A família é enorme e dividida em duas: Alencar de Pernambuco e Alencar do Ceará, e eu, apesar de ser pernambucana, herdei o sobrenome cearense. Aliás, nem adianta pensar ou falar que é tudo a mesma coisa, pois as duas famílias tem rixa antiga e a família Sampaio acabou entrando no meio dessa salada toda. Rixas antigas entre fazendeiros. (alguém levou um par de gáia, isso sim!)

Por parte de mãe é tudo mais simples: Todos são cariocas, mas meu avô tem decendência espanhola, porém, ao ser registrado, o moço do cartório (devia estar muito doido) trocou o sobrenome Ramires por Lindes, e, desse modo, acabou criando uma família que nunca existiu, a família da minha mãe: Lindes.

Então funciona assim, uma família enorme que mora em vários pedacinhos desse Brasil: Manaus, Ceará, Rio de Janeiro e Recife. Na verdade agora está ainda mais espalhada, posto que um dos meus irmãos está morando no RS, mas, bem, isso pode mudar a cada instante, já que ele é piloto da aeronáutica e é sempre transferido.

Bom, essa é a hora em que alguns devem se perguntar do por que RECIFE? Se ninguém é de lá? Costumo pensar que os destinos profissionais dos meus pais foram sensacionais e armaram esse esquema apenas para que eu nascesse pernambucana, só pra completar o pacote! Acho justo!

Uma família enorme e linda. E, ao mesmo tempo, várias pequenas famílias. Sempre tive a maior saudade dos almoços com todo mundo reúnido: avós, tios, primos, periquito e papagaio. Os almoços que só tínhamos nas férias, quando conseguíamos juntar parte de um todo. E era sempre com muita ansiedade que esperava as datas comemorativas para que todos se juntassem novamente. Natal e Ano Novo, épocas perfeitas para isso. Uma festança só! Até que o ano virava, o carnaval passava (eram sempre farras históricas na minha casa, com todos reunidos) e,após esses festejos, eu voltava para a realidade da família de 5 pessoas. 

Hoje em dia, ao mesmo tempo que esse número aumentou, ele ficou ainda mais reduzido: com a separação dos meus pais, moramos só eu e a minha mãe. Em compensação, meu pai tratou de casar novamente e me arrumar mais dois irmãozinhos, as coisinhas mais lindas da minha vida! Mas aí já é uma nova árvore e uma história que tá se formando e firmando a cada dia.

E a tendência é que cada um vá criando sua própria família, para as novas árvores: eu, meus irmãos e meus primos. 

E a minha vontade é que um dia eu possa, finalmente, ter a minha própria família cheia de gente pela casa, crianças correndo, almoços com mil talheres, várias sobremesas e um sorriso satisfeito de mãe com suas crias por perto. Enquanto isso, fico a admirar uma família que é bem desse jeito, no jeito "A grande família". 

Uma família de verdade e que o tempo não quebrou. É difícil encontrar isso nos dias atuais e é gratificante poder fazer parte disso tudo. Acho que papai do céu ouviu meus apelos infantis.

E que essa família dê continuidade pelo mesmo laço que foi unido: O laço do amor e do respeito.


sexta-feira, janeiro 06, 2012

Borboleta com pernas

Fazia um dia bonito naquele lugar que não sei o nome. Não é questão de não recordar, pois lembro do sonho com perfeição e detalhes. Desconfio que era uma questão de não ser importante o local onde acontecia, já que fazia um dia bonito. Era isso que parecia ter valor. Essas preocupações de mapas, relógios e datas parecem estar isentas do plano dos sonhos.

Enquanto alguns caminhavam pelas ruas, outros nadavam dentro de luminárias gigantescas, de vidro transparente, penduradas nas árvores. Eu precisava do Snorkel pra entrar na lumionária, mas todo o equipamento de mergulho, que eu sequer tenho na vida real, estavam em casa. Tiramos na porrinha e eu perdi. Cabia a mim voltar lá e pegar.

No meio do caminho, encontrei com um menino que perguntou se eu teria R$26 reais para emprestar. Dei uma risada e perguntei se realmente precisava apenas desse valor quebrado. E ele falou que R$40 resolveria todos os problemas. Concordei e ele me assegurou que me pagaria no outro dia. Lembro do meu sorriso sacana falando: "tenho certeza que sim". E então seguimos em direção à minha casa, pois tinha apenas R$20 reais na carteira (os mesmos R$20 que estavam nela, no instante em que fui dormir).

Enquanto caminhávamos, eu tinha aquela sensação de lar, redondezas do lar, apesar de nada parecer com a Av. nossa Sra de Copacabana. Mas, pra mim, era como se estivesse no Rio de Janeiro, a caminho de casa. Mesmo com o chão batido de barro, árvores e luminárias gigantescas. E então o menino falou: "Vamos na casa de mamis!" e eu continuei seguindo, achando graça na intimidade que ele teve com a minha mãe. Minutos depois percebi que já havia passado direto da minha casa, e, ao me notar perdida, ele falou: "pronto, essa é a casa de mamis!". Expliquei da minha confusão e falei que achava que a mãe dele morava longe e ele rebateu falando que ela se mudou. "mamãe é uma borboleta com pernas". Lembro dele falando isso. E lembro que achei bonito. Queria ser também uma borboleta com pernas, mas silenciei.

Era um campo bem grande para uma casa bem pequena. Duas pessoas, lá longe, jogavam frescobol naquele pedaço de terreno gramado. Uma mulher e um rapaz. Ela usava calça folgada e colorida. Um lenço também colorido e um biquini na parte de cima, também colorido. Ela parecia aquelas espécies de estrangeiras que combinam tudo descombinando, e, ainda assim, ficam lindas, luminosas.

E então ele falou: "essa é a minha mamis", apontando. Ficamos admirando o quão bem ela jogava. Eles jogavam. A bola não caía no chão!  Tac-tac-tac-tac. Várias manobras e uma agilidade absurda e ela não caía durante os longos instantes que parecia percorrer no sonho.

A bola, absurdamente, não caiu no chão até o momento em que meu despertador tocou.

Agora, pela hora, acredito que a bola já tenha caído e eles provavelmente devem estar descansando na rede verde que tinha no cantinho da varanda da casa.



terça-feira, janeiro 03, 2012

Pesos e medidas, bem medidas!

2011 passou tão ligeiro que, ao fazer minha análise mental a respeito, acabei juntando os acontecimentos de 2010 aos de 2011 no meu balanço. Após concluir o pensamento é que realizei ser impossível tudo aquilo, todo aquele pacote fazer parte de um mesmo ano, caso contrário, eu precisaria ter me multiplicado em dez e ter, no mínimo, dois corações e duas casas. Dois estados. De espírito e de moradia. Acontece que 2010 terminou tão na correria que 2011 chegou chegando, sem espaço para reflexões. E é só agora, no início de 2012, dois anos depois, que sento pra fazer um mega balanço, cheio de pesos e medidas. Cheios de amor e aprendizado. A dor eu deixei de lado, ela ficou junto com meu 2009 e todas os pesos que o ano me trouxe. As decisões, o amadurecimento precoce e forçado.


2010 e 2011, apesar de terem sido anos com fechamentos bastante particulares, pra mim, foram dois anos unificados, um ciclo fechado. O ciclo do autoconhecimento e da autoconfiança. Dois anos que me serviram pra desfrutar de cada aprendizado que tive nos anos anteriores e confirmar ainda mais  a certeza absoluta de que, apesar de vez por outra nos sentirmos prontos para certas mudanças ou decisões e plenos, alguma hora, alguma coisa fica a desejar. E então movimentamos tudo, sacudimos e fazemos o rebuliço necessário para tudo ficar pleno novamente. 2010 teve muito disso, 2011 também. 


Em 2010 eu terminei um relacionamento entrelaçado pelo tempo e pelo tanto que foi depositado de todos os sentimentos que os relacionamentos costumam ter. Em seguida tomei a decisão de morar sozinha. (sozinha uma pinóia! Se fosse sozinha, seria fácil), decidi dividir apartamento com mais duas pessoas: Um casal de irmãos. E, entre altos e baixos, aprendi(demos), que dividir um mesmo espaço entre pessoas com diferentes desejos e modos, é coisa pra gente grande. Enfim, entre mortos e feridos, acredito que todos se saíram. Não necessariamente bem, mas vivos. Em 2010 eu ainda trabalhava em uma loja de biquinis pra pagar as contas (e pra provar para meu pai que eu podia ter minha vida, de maneira torta e pouco fantástica, mas podia). As coisas começaram a ficar apertadas entre faculdade, trabalho em shopping e monografia, e, por minha sorte, provei para mim mesma que não precisava mais provar isso para ele e então saí da loja, após 1 ano e meio nela, afinal, eu precisava me formar. 


Era meu último semestre na Universidade e eu precisava, mais que isso, eu queria me formar bem, afinal, o curso não é barato, o que foi investido em mim muito menos. E assim o fiz. No dia 15 de dezembro de 2010, me formei com nota 10, e, de quebra, um documentário lindo feito com muita garra e amor. 


Minha irmãzinha Sofia chamou meu nome pela primeira vez: cainha. Depois: cácá.


E tava decidido: Vou morar no Rio de Janeiro! Dia 31 do mesmo mês estava desembarcando na cidade maravilhosa. Com uma despedida feita nas pressas, duas malas, mil coisas na cabeça e a certeza de que era isso que eu queria e que iria dar certo.  E 2011 chegou mostrando que eu teria que batalhar muito para conquistar meu espaço, minha vida, minha nova vida. Eu tinha nas mãos apenas a vontade que tudo desse certo e um plus que considero ter sido o adicional mais importante para a minha adapatação a vida nova: eu me sentia moradora do Rio de Janeiro e não visitante. E me sentia mesmo. A rotina das caminhadas na orla, a correria da cidade, as idéias a flor da pele, a pele. As cores, os sabores e as expectativas, tudo isso fazia com que todo o tipo de saudade amenizasse e se transformasse em força. Se a cada saudade, eu tivesse um cadinho mais de esperança, as coisas começariam a caminhar. (E olhe que tenho em meu acervo, uma coleção de saudades bem regadas!), e, justamente por serem bem regadas, me acalma e me acalanta. É muito amor, muito!


2011 continuou, e, logo de cara, me meteu uma decepção daquelas de quebrar as duas pernas e engessar os braços, mas, por sorte, não foi forte o suficiente pra me paralisar. E eu bem que havia guardado umas doses extras de força do ano que passou, ainda bem! Logo o tempo tratou de curar qualquer tipo de resquício de dor, e, de quebra, me presenteou com o emprego em uma produtora, que não era lá o emprego dos sonhos, mas que me ensinou bastante coisa. Me apresentou pessoas que carrego comigo, com sorriso no rosto e a felicidade em ver que é além-hora regulamentar. 


Torei minhas longas madeixas (e já tou doida para que elas crescam novamente!)


Foi nesse ano que eu voltei a Recife pra matar saudades e tive a festa surpresa mais incrível da história das festas.  


E, caminhando pela vida, sem maiores pretenções amorosas e muito menos o pensamento ou objetivo de conhecer alguém que fosse o meu número, isso aconteceu. De maneira tão expontânea e surpresa que até hoje me pego duvidando disso ter acontecido da maneira que aconteceu. E ao mesmo tempo que meus olhos se enchem de lágrimas, meu coração se enche de amor e minha alma fica toda orgulhosa. Parece loucura, ainda mais se tratando do mundo em que vivemos, mas posso falar tranquilamente que encontrei um amor, O amor. Dentre tantos desafetos e desconfortos, sim, um amor de presente: o maior presente de 2011. O presente mais precioso dos últimos tempos, com olhinhos apaixonados e infantis, com um abraço de urso, um sorriso largo e uma paciência que eu trabalho em mim. (apenas trabalho). Um coração puro, bonito. Idéias brilhantes. Inteligência que brota a cada instante, em cada ato. Uma das pessoas com o coração mais do bem que já conheci e conheço. Um orgulho danado de ter encontrado essa pessoa e hoje ele ser o meu namorado.


É, Rio de Janeiro, eu bem sabia que havia feito a escolha certa!


Foi nesse ano que minha irmã canadense me visitou e passamos os 15 dias mais felizes do ano, com muita praia, cerveja, saídinhas, jazz na lapa e festinhas. Ah, sim, falando em jazz na lapa, esse foi o ano em que conheci um amigo, o mais ausente na vida e o mais presente no peito que fiz nesse ano e foi na primeira vez que fui ao jazz na lapa, mais precisamente no dia 6 de abril, o dia do seu aniversário! Na época em que poucas mesas ficavam espalhadas na calçada e o ambiente era tranquilo. E foi nesse mesmo ano que esse mesmo jazz se transformou, em pouco tempo, em uma micareta. Ou, no mínimo, em um carnaval. Eu pude ver todo o processo.




O ano continuou com muito trabalho, muita fotografia (troquei a D60 velha de guerra por uma D7000), muita cultura, muito sorriso, muita vida. Ah, foi nesse ano que eu tive catapora e que meu paquerinha - e atual namorado - me trouxe um buquê de flores e o porteiro novo não me conhecia e fez o favor de falar que não havia Carla nenhuma. E foi quando nos pegamos apaixonados, trocando bilhetes pela janela do meu apartamento, eu, toda pipocada,e ele, sem parecer ligar para isso.


Foi nesse ano que conheci o São João (ou festa junina) mais sem graça que existe, pra provar que o arrastapé danado de bão é na minha cidade mesmo! E que fui de penetra para uma festa junina de uns pernambucanos, que, no final das contas, eram familiares de uma amiga de Recife.


Foi nesse ano que dividi minha casa com uma amiga do peito, e, que ela voltou pra Recife tempos depois. Meu irmão mais velho voltou pra Recife tempos depois. Meu coração ficou partido, mas se manteve firme. 


Foi nesse ano que a minha mãe comemorou em grande estilo seus 50 anos. Que fez uma apresentação de tango para seus convidados de maneira divina e maravilhosa. E que eu a presenteei com uma dança de Frevo.


Foi nesse ano que ouvi falar em casamento pela primeira vez sem me assustar. Que consegui, de fato, imaginar isso no plano real. E que fiz, inusitadamente, planos para filhos e decorações para casa. Que pensei logísticas casamenteiras entre duas pessoas que tem origens geográficas distintas. E que já criei nomes suficientes para uns 10 filhos, apesar de querer apenas dois. 


Foi nesse fim de ano que criei coragem de juntar algum dinheiro suficiente para me manter por um tempo e decidi pedir demissão do meu emprego.


Foi nesse ano que conheci Petrópolis e o granizo. 


Foi nesse ano que meu pai conheceu meu namorado e que meu namorado conheceu toda a minha familia, em uma viagem para Recife. 


Ah, foi nesse ano que eu conheci a família dele também, e, com alegria, fui muito bem recebida por todos.


Foi nesse ano que conheci Ilha Grande, no reveillon.


Foi nesse ano que o mapa astral me explicou que a sensação de já ter passado por tudo nessa vida, na verdade, é uma verdade. Pois a combinação de sol em áries (primeiro signo) e ascendente em peixes (último signo do zodíaco), tem esse tipo de coisa. 


E foi nesse ano que eu decidi deixar de lado as coisas que esse signo de fogo me traz e não me agrada: a tal da ansiedade e da impulsividade. E deu certo! Me surpreendi. Quem me viu e quem me vê... 


E foi nesse fim de ano que me bateu um mini desespero por estar sem trabalho, e, hoje, no terceiro dia do ano que chegou, o desespero foi embora juntamente com um telefonema com uma proposta de trabalho.


É isso aí!  E o ano tá só começando! E que venha esse novo ciclo cheio de coisa linda. 


E, verão, pode chegar meu querido! Os finais de semana na praia estão mais que garantidos. E eu quero é mais sair por aí vestida de sol.


Um feliz ano, para todo mundo.


2012, seja bem vindo!

Ah! Muito samba para quem é de samba. E muita amostração!