terça-feira, janeiro 26, 2010

Sobre danças e palmas







Há dois anos anda acontecendo algo triste com meu entusiasmo para assistir apresentações de dança. Na verdade não é com os instantes que antecede, pré-entusiasmo eu sempre tenho. O problema mora na emoção do momento e nas palmas de verdade, daquelas que a gente faz questão de bater de pé, cheia de felicidade e com um sorriso grudado na bochecha ,e, claro, as lágrimas (embutidas ou desvairadas, não importa).



Houve um marco decisivo para isso. Como se fosse o antes e o depois da queda do muro de Berlim, e,para mim,esse marco foi MOMIX. Um verdadeiro espetáculo que veio para Recife em 2007, e que, graças a Deus, a pirangagem não me deixou desistir. Era coisa de sessenta, setenta reais o ingresso. O investimento mais bem pago. Os personagens eram cenário, iluminação e bailarinos ao mesmo tempo, se transformavam em coisas e cenas inimagináveis. Foi lindo,encantador mesmo.



Antes de momix, qualquer pirueta com uma boa música de fundo arrancava minha atenção de um modo estrondoso. Depois de momix, isso nunca mais aconteceu! E olhe que eu passei por algumas provas de fogo que poderiam me destraumatizar para sempre. Eu estive presente,por exemplo, na estréia do último espetáculo de Deborah Colcker no Theatro municipal do Rio, na condição de aluna do seu grupo ,e, mesmo com tal envolvimento, QUEN. Nada. Nadinha. O maior salto que meu coração deu foi logo na entrada quando notei que, semi-atrasada e sem chances de voltar em casa, eu era a única que estava de jeans e tshirt enquanto todos estavam de longo e empaletados.

É, talvez seja esse o meu medo de entrar em um grupo de danças e me envolver com uma coreografia mediocre e sempre tão igual. Dá a impressão que só pode haver superação em algum espetáculo que seja contemporâneo, onde pode misturar, endoidear e desendoidar para ver se arranca expressões de surpresa do telespectador, mas acontece que essas repaginadas sempre acabam nas mesmas batidas ultrapassadas, esse é o maior inimigo.

Por vez, o que me faz sentir viva são as danças da terra, de pé forte no chão. Que apesar de não passar (ou quase nada) por processos de mutação, sempre causam arrepios, talvez pela tradição.



Anete Alencar

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Absorvente

Entende-se:

vermelho = mentruação
Flor = Orgão genital feminino


(Para Carol, Duda, nosso grupinho e os incontáveis desvairios)


Eu uso em média dois pacotes por ciclo. Considero essa uma quantidade normal, já que tenho amigas que usam três e outras que nem chegam a gastar um pacote inteiro. Mas o fato é que usando um ou três pacotes, essa rotina é um saco. O meu ciclo, por exemplo, segue a lei de murphy: Sempre escolhe quase "vazar" ou vazar mesmo quando estou dormindo. Quando por livre e espontânea vontade acordo as três da manhã para conferir, já com o absorvente novo na mão, parece até que vermelho dormiu enquanto eu dormia e tá tudo limpeza, literalmente.

Eu também passo por alguns problemas, o primeiro de todos é: Coloco o absorvente mais para cima ou para baixo na calcinha? Quando eu tou deitada vermelho desce, se tou em pé, vai mais pra cima. Pra resolver essa questão, por anos usei o absorvente noturno da always mesmo sendo dia, daqueles enormes, que vai de beira a beira. Mas era uma danação, parecia que eu tava de fralda. Com o tempo comecei a pegar abuso do material dele, de plástico. Foi quando decidi que prefiro de algodão, o de plástico é meio nojentinho. Se você aperta, vermelho sobe pelos furinhos. Ai você me pergunta se eu vou ficar brincando de apertar o absorvente e eu te pergunto se quando você senta não dá no mesmo, só que com uma intensidade 50 quilos maior (no meu caso). O de algodão é mais pobrinho mas eu prefiro.


Hoje em dia faço assim: Se é noite, coloco mais para trás e se é dia boto mais para frente, mas as vezes dá em merda, sem ser no sentido literal, claro. O segundo problema é: Quando termino o banho, o que faço pra não melar a toalha? Carol disse que se enxuga toda e deixa flor para o final, que ai bota logo a calcinha e pronto. Eu acho válido, mas o fluxo de Carol não conta, e Carol também não conta muito não, ela veio com uma conversinha que existe um potinho ambiental, que insere em flor no período da menstruação e deixa lá durante todo o ciclo. Quando acabar, você tira o potinho e usa o sangue que tá lá dentro para lavar o rosto por que faz bem (???) ou mistura com água e molha as plantinhas. Duda deu logo um grito de "ECAAA" dizendo que respeito ao meio ambiente tem seus limites enquanto Carol disse que só não usa pelo fato de ser caro e ainda veio com a indagação: "Oche, tu por acaso quando tá no banho não faz xixi no pé não? Faz bem pra frieira, visse? (eu amo carol por isso)" Duda disse que não faz, mas acho que é mentira,todo mundo faz. Mas também não é a mesma coisa lavar o pé com mijo e o rosto com sangue,NÉ? Só para carol.

O Terceiro problema ou dilema é: Qual absorvente usar? É impressionante a variedade que tem no mercado hoje em dia. Se você entra na Americanas, o lado de um corredor inteiro é destinado a eles. Antigamente era modess e sempre livre, acabosse. Hoje em dia tem mais de cinco variedades para cada marca! Tem vezes que eu pego uns três do mesmo fabricante e só consigo achar a diferença entre eles pelo preço e pela cor, já que os três são finos, com aba e sem cheiro. Só que um é rosa, o outro é verde e o outro azul. Um custa 2.00 o outro custa 2.50 e o outro 3.00. Essa variação deve ser pela data de lançamento do produto,né? Só pode!

Pois é, apesar de complexo e as vezes incômodo, conviverei com isso por pelos menos mais 25 anos, e, para as mais desesperadas, quero ver negar a alegria que esse vermelho trás a cada final de mês quando você já estava programando mentalmente o enxoval ou a forma que ia negociar a pensão.

Anete Alencar

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Amarelecer



ver o amarelecer da rosa e das palavras garrafais no caderninho nude.

A.