terça-feira, maio 29, 2007

A esquizofrenia se veste de parede branca

A questão não era o que ele sabia e o que ela sabia daquilo tudo. Eles já sabiam que sabiam.
A questão era exatamente o “entre isso”. O espaço que parece vago pra quem vê, mas não é.
Eles até negavam... Mas era como se ouvissem gritos satisfatórios em pleno quarto escuro e silencioso, enxergando tudo com as mãos frias e úmidas.

Um estranhamento sentado no chão de uma sala com teto e piso branco.
Nu, completamente nu e uma iluminação clara sufocante, embaçando a retina.
Desejando água nos pés e letras nos olhos.
Letra embaralhando tudo, embaçando e esfregando as mãos nas pálpebras.
Hálito de fome.
Sem perceber, passou dias assim. Todos os dias suficientes para ser chamado de “entre isso” ou de entre eles.

Micropercepções tinham até demais.

O remédio que faltava para curar desse estranhamento excitante, era apenas um pouco de tédio.

Não conseguiram e foram dormir.

terça-feira, maio 22, 2007


Um sorriso desenlaçado e o alívio molhado em lilás de uma alma abraçada...
Fora do meu corpo, do mundo de relógios e alfinetes.
Moro longe do meu cabelo e pele. Longe daqui, longe da seta, da reta.
É lá que consigo sentir o ar e respirar limpo, transparente.

... Quando me levo para mim.

E, para minha alegria, estou grávida de borboletas

segunda-feira, maio 07, 2007

Como antes, sempre. Como nunca.

... e de rosto embaçado de fumaça.
Fumaça, cigarro. Fumando e lindo.
Lindo como antes, sempre. Como nunca.
Rebate, coração.
Manda pra lá, pra cá, pro meio... Do meio que não tem ninguém.
Saravá. Manda logo que tá a mais, de amar.
Batendo o pé, bate pé, bate bate pé, sequência leve
em uma agonia frígida, num prazer frígido.
E ela, um frigidismo fingido de prazer que os olhos não conseguiam mais encarar.
Na mão, uma espera. Na outra, um cigarro beijando-lhe os lábios ao invés da boca,
da outra boca,
da boca como antes, sempre. Como nunca.
De lado, ainda... Blusa branca e um cheiro sinestesiando.
Engole seco, água na garganta, poeira de lado, fosco
e os olhos sedados, calados, curiosos.

Carla Alencar.

quinta-feira, maio 03, 2007

Ele

João: Amor.. Quem ver esses teus últimos posts vai achar que tu anda tendo brigas comigo!
eu: É? Tá bem.. Vou resolver esse seu problema social.

Resolveu?

Não, pela frieza, ta parecendo que é o terceiro post que faz as pessoas pensarem isso!

HAHAHAH. Proposital... Então...

Eu vou cheia de candelabros
correndo pro encontro
meu coração alvoroçado
me deixa devagando
quando chego, vejo:
esqueci das velas
mas, ora pudéra
ele já estava com elas
acesas
me esperando.